A presidente Dilma Rousseff disse neste domingo que o ministro Joaquim Levy (Fazenda) não pode ser transformado em um "judas" por causa das medidas impopulares do ajuste fiscal. Trata-se de uma defesa prévia das críticas contra o titular da Fazenda que o PT planeja lançar a partir de quinta-feira, ao promover o 5º Congresso Nacional do partido, em Salvador (BA). O encontro causa apreensão no Palácio do Planalto.
"Não se pode fazer isso, criar um judas. Isso é mais fácil. É bem típico e uma forma errada de resolver o problema", afirmou Dilma ao jornal O Estado de S. Paulo em um café da manhã após pedalar por 45 minutos nas redondezas do Palácio da Alvorada. Levy era o alvo principal das centrais sindicais ligadas ao PT, que, com aval do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, miravam no ministro para tecer críticas ao governo sem atingir abertamente a presidente.
A defesa coincide com uma estratégia traçada por Lula e articulada com outras correntes do PT para trocar as críticas mais duras a Levy pela defesa de uma "agenda de desenvolvimento" que "crie esperança" no país. Apesar de adotar um tom de desaprovação às medidas tomadas pela equipe econômica, Lula não quer que o PT saia do encontro de Salvador com o carimbo de partido de oposição à presidente Dilma por avaliar que essa estratégia corresponde a um suicídio político.
Na conversa, a presidente tratou de temas em debate no Congresso, como a revisão da desoneração da folha salarial de setores econômicos e a terceirização. Segundo Dilma, a desoneração "é fundamental para o país porque reduz perdas fiscais." A presidente disse não ser contra a terceirização, mas que é necessário ter cuidado para que ela não aumente a informalidade no mercado de trabalho. Afirmou, ainda, que não há crise entre o Planalto e o Congresso.
Questionada sobre o escândalo da Petrobras, Dilma disse que a estatal virou a página na crise e recuperou a capacidade de produzir. A presidente afirmou ser contra a redução da maioridade penal, assunto que também está na pauta do Congresso. "Eu não sou a favor por um motivo muito simples: onde ocorreu, ficou claro que isso não resultava em proteção aos jovens", disse.
Dilma também fez comentários sobre o escândalo de corrupção que atingiu a Fifa. Para a presidente, "quem tiver de ser punido, que seja". Ela afirmou, porém, não acreditar que as denúncias cheguem ao evento realizado no Brasil. "Não precisamos pagar ninguém para trazer a Copa para cá", disse.
(Com Estadão Conteúdo)