Chuck Blazer, o homem que delatou a Fifa para a Justiça americana, confessou diante de uma corte nos Estados Unidos que cartolas receberam propinas para a escolha da França como sede da Copa do Mundo de 1998. Segundo ele, os pagamentos ocorreram em 1992, quando a Fifa era presidida pelo brasileiro João Havelange. A Copa de 1998 foi organizada por Michel Platini, atual presidente da Uefa e potencial candidato a ocupar o cargo de Joseph Blatter.
"Entre outras coisas, concordei com outras pessoas em 1992 para facilitar a aceitação de uma propina em relação à escolha da sede da Copa de 1998", disse Blazer, que foi vice-presidente da Federação de Futebol dos Estados Unidos e membro do comitê executivo da Fifa. O documento também aponta que o mesmo mecanismo foi usado para dar à África do Sul a sede da Copa de 2010.
Em um documento publicado pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos, e que traz a confissão de Blazer, ele deixa claro que não foi o único a receber o dinheiro. "Começando por volta de 2004 e continuando até 2011, eu e outros do Comitê Executivo da Fifa concordamos em aceitar propinas em relação à escolha da África do Sul como sede da Copa de 2010", declarou o americano de 70 anos diante da corte dos EUA, no dia 25 de novembro de 2013.
Naquele momento, Ricardo Teixeira era um dos membros do Comitê Executivo da Fifa e votou pela África do Sul. O outro candidato a receber a Copa era o Marrocos. A escolha dos sul-africanos foi marcada pela presença de Nelson Mandela na Fifa, num dos momentos que a entidade mais se orgulha em mostrar imagens. Blazer não cita nomes em sua confissão. Mas deixa claro que a Copa foi comprada. Blazer é conhecido como o "senhor 10%" do esquema de corrupção da Fifa. Pesando mais de 190 quilos, só de desloca num carrinho elétrico, e costuma postar na internet fotos com fantasias excêntricas, de diabo ou de mestre Jedi.
Há uma semana, documentos do FBI indicaram também que os sul-africanos haviam pago 10 milhões de dólares ao então vice-presidente da Fifa, Jack Warner, em troca de votos. Nesta quarta-feira, os sul-africanos negaram que fosse suborno, mas sim de um programa social.
O dinheiro ainda teria passado por Jérôme Valcke, secretário-geral da Fifa, que nega qualquer envolvimento e se recusa a pedir sua demissão. Blazer também confessou que recebeu propinas para os direitos de TV das edições de 1996, 1998, 2000, 2002 e 2003 da Copa Ouro.
(Com Estadão Conteúdo)