O técnico Dunga optou por ficar na defensiva. Não, não é na maneira pragmática de jogar da seleção brasileira e sim em relação à suspensão de Neymar. Ele procurou não atacar diretamente o Tribunal Disciplinar da Conmebol, dizendo que cabe ao departamento jurídico da CBF se posicionar. Apesar de contrariado, procurou se controlar. E disse que, caso a suspensão por quatro jogos seja mantida, caberá ao jogador decidir se permanece ou não com o grupo que disputa a Copa América.
Na entrevista concedida neste sábado (20) no hotel em que a seleção brasileira está concentrada em Santiago, o treinador só foi mais incisivo ao criticar o cartão amarelo recebido por Neymar no jogo contra a Colômbia. Também reprovou a complacência dos juízes com a violência.
"Neymar levou 20 faltas violentas durante a partida e depois, numa situação de jogo em que estava desequilibrado, colocou a mão na bola e levou amarelo", reclamou Dunga. "O amarelo deve ser dado a um jogador que meteu a mão na bola quando estava desequilibrado ou quem fez falta violenta? Isso eu pergunto a quem gosta de futebol."
Mas ele evitou entrar no mérito da suspensão por quatro partidas ao craque - a CBF vai entrar com recurso para reduzir a pena. "A gente tem as pessoas no jurídico da CBD que vão fazer o contraponto das medidas que foram tomadas contra o Neymar", explicou. "Não queremos nada a nosso favor nem nada contra nós. Queremos tudo parelho."
Caso a punição seja mantida, Neymar estará fora da Copa América. Então, caberá ao jogador decidir se permanece com o grupo - é um dos líderes e capitão da equipe - ou se desliga para curtir suas férias.
"Ficar ou não depende do líder, do jogador. Cada pessoa tem uma reação. A decisão tem de ser tomada pelo jogador", disse Dunga. "Ele tem de sentir de que forma vai colaborar com o grupo ou se é melhor sair para não transmitir tristeza, amargura. A gente quer ter homens no grupo, não meninos. Homens que tomem decisões."
Dunga prefere não acreditar que o momento político vivido pelos cartolas do futebol mundial, algo que atinge muitos dirigentes da Conmebol, possa ter influenciado o Tribunal Disciplinar - que teria sido rigoroso demais com Neymar para dar exemplo de austeridade. "Quero acreditar que não, deixar esse assunto para o setor jurídico da CBF. Vamos nos preocupar com o jogo com a Venezuela e achar soluções para nossa equipe."