Maurício Ramos Thomaz, que mora em Campinas, impetrou na Justiça Federal do Rio Grande do Sul, um habeas corpus preventivo em favor de Lula, pedindo que ele não seja preso pela Operação Lava Jato. A assessoria do ex-presidente nega que ele tenha algo a ver com isso. E acredito que não mesmo. Até porque Thomaz é o que a molecada chama um “causão”. Parece que adora aparecer em casos, digamos, ruidosos. Ele já fez o mesmo, entre outros, com Nestor Cerveró, ex-diretor da Petrobras, e com Simone Vasconcelos, ex-secretária de Marcos Valério e uma das pessoas condenadas no mensalão.
Segundo nota do PT, Lula já instruiu seus advogados a que requeiram à Justiça o não-conhecimento do HC. Em nota à Folha, o Instituto Lula disse estranhar que a divulgação de tal fato tenha partido do senador Ronaldo Caiado (DEM-GO), um dos mais duros críticos do petismo. Bobagem! É mera teoria conspiratória. Basta ver a atuação pregressa do autor e a linguagem em que vaza o pedido. É “um deles”, embora me pareça certo que Lula nada tem a ver com isso.
O chefão petista tem dito por aí que se considera o próximo alvo. Ainda assim, é pouco provável que entrasse com um HC preventivo ou que instruísse outro a fazê-lo, especialmente do modo como a coisa vem a público.
Num dado momento, escreve o tal Thomaz:
“As decisões de Sérgio Moro que alguns chamam de doutor estão para a Justiça do mesmo que as masturbações estão para uma relação sexual. A qualidade das suas decisões está no mesmo patamar que a ração wiskas está para a alta culinária. Nada de espantar. Afinal, o judiciário paranaense é o pior do Brasil, e a judiciária da roça iluminada de Curitiba é o pior de todos.
(…)
Ele [Sérgio Moro] não é um juiz e nem um justiceiro. É apenas um sujeito moralmente deficiente, como Joaquim Barbosa a quem ele auxiliou certamente naquela pornografia jurídica chamada AP 470, que a escória vil e vadia chama de “mensalão”.
O autor compara Moro ao “Mulo”, personagem da “Trilogia da Fundação”, de Isaac Asimov. E dispara:
“O que Moro escreve e nada é (sic) a mesma coisa; é juridicamente estéril. Nada tem real valor jurídico. Como o Mulo, ele é um aborto, é alguém que deve ser detido, pois, como o Mulo, ele acha que pode fazer história, e prendendo o paciente seria um meio disto. Por enquanto, matematicamente, ele não representa um grande perigo, pois, como o Mulo, ele é estéril do ponto de vista do Direito, e o julgamento de Clio será severo com ele. Mas é uma anomalia que cria variáveis demais, e não há, até agora, nenhum “Primeiro Orador” – inimigo do Mulo — para detê-lo.”
O texto vem aos borbotões, com a pontuação estropiada, recheado de citações e até com uma sacada ou outra interessantes. Ele chama o titular da 13ª Vara Federal de Curitiba de “Sérgio Futuro do Pretérito Moro”, numa alusão à frequência com que o magistrado apela a esse tempo verbal em suas decisões: “teria, faria, poderia…” O diabo é quando se decreta a prisão de alguém na base do “seria”. E se não for?
A íntegra do pedido de habeas corpus está aqui. É evidente que Lula não tem nada a ver com essa coleção de muitos insultos e poucos argumentos. Os petistas são muito mais profissionais do que isso.
Por Reinaldo Azevedo(Veja)