O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou nesta terça-feira (30), em reunião com senadores de PMDB e PT, a proposta de fim da reeleição aprovada no mês passado pelo plenário da Câmara dos Deputados, relatou o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
Em 27 de maio, como parte das votações do pacote de propostas para a reforma política, deputados aprovaram o fim da reeleição para presidente, governador e prefeito. A proposta de emenda constitucional da reforma política ainda terá de ser votada em segundo turno na Câmara e em outros dois turnos no Senado.
Nesta terça, Lula se reuniu com senadores na residência oficial da Presidência do Senado. Segundo Renan Calheiros, o ex-presidente veio “em missão de paz” e colaborou com a discussão sobre a reforma política.
“Ele disse que não achava oportuno o fim da reeleição. Ele entende que o mandato de quatro anos é um mandato muito curto para não ter reeleição. Se fosse um mandato de cinco, tudo bem”, afirmou.
Procurada pelo G1, a assessoria do Instituto Lula esclareceu que o ex-presidente considera o fim reeleição um "atraso" e que ele defende a possibilidade de reeleição, independentemente da discussão sobre o período do mandato.
Participaram do encontro com Lula nesta terça-feira os senadores peemedebistas Romero Jucá (RR), Eunício Oliveira (CE) e Edison Lobão (MA), o ex-senador José Sarney (PMDB-AP), além dos senadores petistas Jorge Viana (AC) e Delcídio do Amaral (MS).
O senador Jorge Viana, presidente da comissão especial do Senado destinada a discutir a reforma política, também relatou a fala do ex-presidente contra o fim da reeleição.
“O presidente Lula externou preocupação com o fim da reeleição. Ele acha que os importantes países do mundo têm a possibilidade da reeleição e só outros países, com menor importância, é que abriram mão”, afirmou.
Jorge Viana afirmou que há intenção de o Senado estudar temas complementares àqueles aprovados na Câmara. “Não vamos fazer uma confrontação das teses do Senado com as da Câmara. Achamos que não é produtivo. Queremos alterar regras eleitorais para que funcionem já no ano que vem”, disse.
Segundo ele, a intenção é fazer mudanças com alteração em leis ordinárias, e não na Constituição. “A Câmara aprovou financiamento de empresas a partidos. Podemos trabalhar qual o teto das doações. Podemos, em vez de discutir modelagem de financiamento, discutir custo das campanhas”, exemplificou.