O patrocínio do carnaval de 2013 do Ilê Aiyê, bancado pela ditadura da Guiné Equatorial, teve o intermédio do ex-presidente Lula, como revela reportagem da Veja. Segundo a publicação, a OAS - de Léo Pinheiro, amigo pessoal de Lula - patrocinou o bloco afro tendo em vista uma troca de favores, já que a Guiné, apesar de ser um país pobre, é o terceiro maior produtor de petróleo da África.
Em uma troca de mensagens interceptada pela Polícia Federal (PF), Pinheiro reclama da posição do presidente do país africano, Teodoro Obiang Nguema, que não havia entendido que seria um "toma-lá-dá-cá". "Acho que deve haver um mal entendido. Estamos trabalhando para dividir o custo do carnaval com as empresas brasileiras que atuam na Guiné. Este é o status do processo. Vamos tentar socializar a conta, gastar pouco e ficar bem na foto. É bom esclarecer por que estamos viabilizando o carnaval dele para que Teodoro faça o melhor carnaval da história do Ilê", relatou o ex-diretor da área internacional da OAS, César Uzeda.
Segundo o teor das mensagens, o ex-presidente Lula "entrou em campo" para solucionar o impasse. Os relatos evidenciam que Lula era tão amigo do ditador a ponto de ser o único a acolher o filho de Obiang, Teodorín Nguema Obiang Mangue, envolvido em diversas denúncias de lavagem de dinheiro mundo afora. "Falei com o Brahma. Contou-me que quem esteve aqui com ele foi o presidente da Guiné Equatorial, pedindo-lhe apoio sobre o problema do filho”, disse Pinheiro.
Em 2013, o filho de Obiang, Teodorin, passou o carnaval em Salvador, deu grandes festas privadas, foi fotografado com autoridades como o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), e o deputado federal Antonio Imbassahy (PSDB) e participou do desfile do bloco afro Ilê Aiyê, que saiu com o tema “Guiné Equatorial — da herança pré-colonial à geração atual”, em referência à luta contra a discriminação racial e à valorização da cultura africana na Bahia.