Entidades que representam auditores e procuradores do Tribunal de Contas da União (TCU) cobraram, em nota divulgada nesta terça-feira (21), a abertura de uma investigação interna para apurar o envolvimento de autoridades da corte no esquema de tráfico de influência e corrupção investigado na Operação Politeia, da Polícia Federal. O órgão vem resistindo em autorizar uma apuração sobre o caso, que envolve o advogado Tiago Cedraz, filho do presidente do tribunal, Aroldo Cedraz.
Na semana passada, a PF fez buscas na casa e no escritório do advogado. Em depoimentos prestados à Procuradoria-Geral da República (PGR), o dono da UTC Engenharia, Ricardo Pessoa, um dos delatores da Operação Lava Jato, disse que fazia pagamentos mensais de R$ 50 mil a ele para obter informações de seu interesse no tribunal. Por um processo que envolvia licitação para obras na usina de Angra 3, Tiago teria negociado R$ 1 milhão com o empresário para que o caso fluísse. Ele nega irregularidades e diz que processará o empreiteiro.
A fase de pré-qualificação para as obras foi suspensa temporariamente pelo TCU, após representação de um dos concorrentes. A decisão foi do relator, ministro Raimundo Carreiro. Em 2012, no julgamento de mérito, embora a área técnica do tribunal recomendasse que a pré-qualificação fosse anulada definitivamente por causa de irregularidades no edital, Carreiro votou pela continuidade. Essa medida interessava à UTC, já que seus concorrentes na licitação foram tirados do páreo. Vice-presidente e corregedor da corte, Carreiro afirma que não abrirá investigação porque a casa não recebeu documentos oficiais a respeito e, portanto, desconhece a íntegra das acusações.
Técnicos da corte sustentam que ele não tem isenção para tratar do caso, pois seu nome é citado nos episódios narrados na delação. Ele nega ter cometido irregularidades. Na nota, assinada pela Associação da Auditoria de Controle Externo do Tribunal de Contas da União (AUD-TCU), a Associação Nacional dos Auditores de Controle Externo dos Tribunais de Contas do Brasil (ANTC), a Confederação Nacional dos Servidores Públicos (CNSP) e Associação Nacional do Ministério Público de Contas (Ampcon), os profissionais pedem a instauração de "procedimento preliminar" no próprio TCU para apurar o suposto envolvimento de integrantes da corte em esquemas de corrupção. Além disso, cobram que ela seja conduzida fora da corregedoria, por uma "instância colegiada específica", formada por um grupo de ministros. O TCU é um órgão de apoio ao Congresso Nacional. Ligado ao Legislativo, sua missão básica é fiscalizar o uso de recursos da União e, a partir dessas auditorias, apoiar o trabalho e as decisões que passam pelo Congresso.Fonte:Bahia Noticias