A decisão do governo de convocar reunião de emergência do conselho político foi uma estratégia para tirar Dilma do isolamento antes de viajar para a reunião do Brics na Rússia. O alerta no núcleo palaciano aconteceu depois que a oposição subiu o tom de críticas neste fim de semana durante a convenção do PSDB que reelegeu Aécio Neves para o comando da legenda.
A constatação interna é de que Dilma estava sem interlocução política, o que ampliava a sensação de fragilidade junto à base de sustentação no Congresso Nacional. Por isso, hoje o governo decidiu trabalhar em três frentes.
A primeira é colocar o vice-presidente Michel Temer na linha de frente do Planalto e, com isso, neutralizar setores do PMDB hostis ao governo. A segunda é recolocar na interlocução do núcleo de coordenação política nomes como os ministros Aldo Rebelo (Ciência e Tecnologia), do PCdoB, e Jaques Wagner (Defesa), do PT, que têm bom relacionamento com os partidos.
A terceira frente é justamente a convocação do conselho político, algo que Dilma não fazia desde abril. Em troca desse apoio, Dilma se comprometeu a intensificar a liberação de emendas e cargos para a base aliada.