Ai, ai… Dilma já renunciou às promessas do que faria, às promessas do que não faria, já renunciou ao comando da política, já renunciou ao comando da economia e, agora, vai renunciar à meta de superávit fiscal. Santo Deus! Dilma só não renuncia mesmo é ao mandato, o que seria um bem imenso ao país.
Por que escrevo isso? Atenção! O senador Romero Jucá (PMDB-RR) decidiu apresentar uma emenda à Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2015 baixando o superávit primário de 1,1% do PIB para 0,4%. Já seria reduzir o dito-cujo a 36,36% do original, certo?
Mas ainda é muito. Não vai ter dinheiro para economizar o que, percentualmente, já seria uma mixuruquice. Notem: aquele 1,1% correspondia a R$ 66,3 bilhões; o 0,4% de Jucá já baixaria a economia para o pagamento da dívida para R$ 24,1 bilhões. Mas ainda é estupidamente mais do que o governo vai conseguir fazer.
Nesta quarta, informa a Folha, o Planalto vai sugerir a Jucá que baixe o número de sua emenda para 0,15% do PIB. Os números, assim, podem enganar. Em relação à proposta feita no começo do ano, a meta, então, será reduzida a meros 13,6% do original. Vamos botar em reais: o governo que dizia, há cinco meses, que iria economizar R$ 66,3 bilhões diz, agora, que a economia será de apenas R$ 9,01 bilhões. Não vai nem fazer cosquinha na amortização da dívida.
O curioso é que, há coisa de três dias, o ministro Joaquim Levy se mostrava contrário até mesmo a que se baixasse a meta de 1,1% para 0,4%. Considerava que já contribuiria para desmoralizar um pouco o governo. Ora, a desmoralização será bem maior. E atenção! Mesmo para economizar a merreca de R$ 9 bilhões, Dilma terá de fazer novos cortes no Orçamento.
Um dos fatores que pesaram na decisão foi a queda real de 2,9% da receita no primeiro semestre. Pois é… A recessão tem seu ciclo: elevam-se juros, cortam-se gastos, derruba-se a atividade econômica, e a arrecadação… cai. Caindo a arrecadação, piora a situação fiscal do governo, que está obrigado a cortar gastos, que vai derrubar a atividade econômica, que deteriora a situação fiscal…
Como se chegou a esse ciclo do capeta? Perguntem aos 13 anos de gestão petista. Sim, caros, cabe indagar: como é que se pode cometer em tão pouco tempo um erro de imodestos R$ 57,29 bilhões?
Lá vou eu. Sou lógico: quem opera com essa margem de imprecisão e promete agora economizar apenas R$ 9 bilhões está a um passo de produzir déficit primário, não superávit, certo? A menos que se dedique a novas pedaladas. O senador Aécio Neves (PSDB-MG) resumiu assim esse imodesto ajuste no superávit: “A mistura de incompetência com descrédito é mortal”. Bingo!
Nos EUA, Michel Temer deu a entender que, se chegar ao trono de Dilma, mantém Joaquim Levy. Huuummm… Então teria de trocar todo o resto, né?
Para encerrar: as agências de classificação de risco deixaram claro que a situação fiscal do país teria um peso definidor na avaliação que fazem da nossa economia. Disparou o alarme.
Por Reinaldo Azevedo