Para o FT, dois fatores em especial alavancam a crise: o primeiro, as medidas adotadas pela presidente Dilma Rousseff para tirar o país do atoleiro econômico em que os governos petistas lançaram o país. O segundo, e mais importante, o escândalo de corrupção desvendado pela Operação Lava Jato da Polícia Federal. Ao citar o aperto fiscal, o jornal salienta como as medidas, associadas a desemprego e inflação em alta, derrubaram a popularidade da presidente.
Sobre o petrolão, o periódico britânico afirma que embora ninguém "realmente acredite que Dilma seja corrupta", isso não significa que a o presidente esteja a salvo. "Até agora, políticos em Brasília têm preferido que Dilma fique no poder, e assuma o ônus dos problemas do país. Mas esse cálculo pode mudar quando eles tiverem de salvar suas próprias peles", afirma o jornal. "Um importante alerta foi dado na semana passada, quando o líder da Câmara rompeu com o governo após ser implicado no escândalo", afirma o texto, em referência a Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
O FT ainda cita o julgamento das chamadas "pedaladas fiscais" e a suspeita sobre as doações à campanha da petista em 2014 como questões que poderiam derrubá-la do poder. E trata da investigação aberta contra o ex-presidente Lula. "Não é de se estranhar que a situação no Brasil hoje se assemelhe a um filme de terror sem fim. Ainda assim, há boas notícias surgindo".
O jornal cita o entusiasmo com as investigações sobre a Petrobras como mostra da força das instituições democráticas no país. O texto afirma que, em um país onde poderosos se julgam acima da lei, Marcelo Odebrecht, dono da maior empreiteira brasileira, foi preso e executivos da Camargo Correa, condenados a mais de 10 anos de prisão. Ao tratar das investigações abertas contra a Odebrecht em outros países, afirma: "Se isso levar políticos e líderes empresariais a pensar duas vezes antes de pagar suborno, terá sido um enorme avanço na luta da América Latina contra a corrupção".
Embora elenque os sinais auspiciosos da Lava Jato, o jornal alerta para o fato de que Dilma enfrentará três anos solitários à frente do Palácio do Planalto. "Os brasileiros são pragmáticos. Então, o pior cenário, de um processo de impeachment caótico, deve ser evitado. Ainda assim, o mercado começa a precificar esse risco. Tempos ainda piores podem estar chegando para o Brasil".