Uma pessoa foi assassinada a cada meia hora nas capitais do país em 2014, revela a 9ª edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública. De acordo com o estudo, foram 15.932 mortes registradas no ano passado, um aumento de 0,8% em comparação aos dados de 2013.
O anuário apresenta números preocupantes em relação à taxa de mortes violentas (homicídios, lesão corporal seguida de morte e latrocínio) nas 27 capitais: o país contabilizou no ano passado 33 casos para cada 100.000 habitantes.
Em relação aos homicídios, o pior cenário é o de Fortaleza (CE), com 75 casos para 100.000 habitantes. A capital cearense registrou 1.930 mortes no ano passado - aumento de 0,2% em relação ao ano anterior.
Na Região Sul, Porto Alegre registrou 572 homicídios em 2014, alta de 24,2% em relação a 2013, com taxa de 38,8 mortes a cada 100.000 habitantes.
União - Os dados mostram que a União gastou menos em segurança do que o Estado de São Paulo, o que mais investiu na área. Segundo a pesquisa, foram 8,1 bilhões de reais gastos pelo governo federal em 2014, enquanto o paulista gastou 10,4 bilhões de reais (valores corrigidos).
A União também reduziu os repasses para a área: em 2013, foram gastos 8,7 bilhões de reais com segurança. A retração representa a segunda redução consecutiva dos gastos da gestão Dilma Rousseff com a pasta.
O estudo foi feito a partir do cruzamento e da consolidação das informações da Secretaria do Tesouro Nacional, do Ministério da Fazenda, e das secretarias estaduais e municipais de Fazenda. O valor do Estado de São Paulo é 12% maior do que o de 2013 e 28,8% superior aos gastos da União.
O levantamento mostra que o país gastou, no total, 71,2 bilhões de reais com segurança pública no ano passado, ante 61,1 bilhões de reais em 2013, um aumento de 16,6%, graças aos Estados.
Terceiro ente federativo que mais gastou com a área no ano passado, o Estado do Rio investiu 7,7 bilhões de reais em segurança em 2014. Em relação a 2013, as despesas do governo fluminense aumentaram 9,7%. Os investimentos de Minas Gerais chegam, segundo o Fórum, a 10,1 bilhões de reais em 2014, mas esse valor inclui despesas com previdência de aposentados. Sem considerar esses gastos, o valor que o Estado gastou no setor fica em 7 bilhões de reais, aumento de 18,5% em relação a 2013, o que o coloca em quarto lugar no País.
São Paulo - A maior cidade do país foi a que apresentou o menor índice de homicídios para cada 100.000 habitantes, com 10,6 casos em 2014. Uma redução de 5,2%, em relação ao ano anterior, segundo o anuário. Mas foi a terceira maior do país em número absoluto: 1.198 crimes.
Para o vice-presidente da Fórum, Renato Sérgio de Lima, os números mostram que se gasta muito em segurança no país. "O problema não é só o dinheiro, mas como ele é gasto. Identificamos três eixos fundamentais para um bom resultado: participação da comunidade, aperfeiçoamento dos setores de inteligência e a integração entre as polícias e Ministério Público."
A Secretaria de Segurança Pública do Ceará informou que, até agosto, os homicídios caíram 19,3% neste ano em relação ao mesmo período do ano passado, com 263 casos a menos. A pasta do Rio Grande do Sul não quis comentar os números. A Secretaria de Segurança de São Paulo informou que os homicídios e latrocínios recuaram 10,94% e 9,06%, respectivamente, nos primeiros oito primeiros meses deste ano, em comparação com o mesmo período de 2014, com taxa de 9,25 casos por 100.000 habitantes.
O Ministério da Justiça afirmou que o "governo federal defende a ampliação da participação da União na segurança pública, dividindo responsabilidades com os governos estaduais, integrando esforços e agindo em regime de ampla cooperação". O Senado aprovou Proposta de Emenda à Constituição para aumentar a responsabilidade da União na segurança.
(Com Estadão Conteúdo)