Uma série de e-mails da cúpula da Odebrecht revela preocupação dos executivos que comandam o grupo com o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, preso por envolvimento em irregularidades na estatal, investigadas pela Operação Lava-Jato.
As mensagens trocadas em 24 de julho de 2014, quatro meses após a prisão do ex-diretor, mostram um conselho bem direto da então presidente da empresa, Graça Foster, ao gerente executivo de Abastecimento Wilson Guilherme, apontado como testemunha de defesa de Costa. “Pense bem antes de ir e se definir em que quadrilha você pertence”, teria dito a ex-mandatária da estatal.
De acordo com o blog de Fausto Macedo, do Estadão, a fase foi atribuída à Foster por Rogério Araújo, então diretor da Odebrecht, em e-mail enviado para o presidente da companhia, Marcelo Odebrecht, e para outro diretor, Márcio Faria. As conversas citam também dirigentes da estatal que seriam presos no âmbito da Lava Jato meses depois, entre eles, o ex-diretor de Serviços Renato Duque, apontado como o homem forte do PT no esquema de propinas da Petrobras.
Para os investigadores, os e-mails são indicativo de que a alta cúpula da empresa tinha consciência do esquema instalado na companhia e também da suposta atuação de Duque como arrecadador do PT: “Duque (dinheiro para Partido)”. Os e-mails foram obtidos pela Polícia Federal em computadores da Odebrecht, em São Paulo. Nas correspondências, de acordo com investigadores, Paulo Roberto Costa é tratado pelos executivos da Odebrecht pelas iniciais de “PR”, enquanto Graça Foster, por “MGF” (o nome completo da ex-presidente é Maria das Graças Foster).
“Como sabemos, foram indicadas algumas pessoas da Cia como testemunhas para processo PR. Uma delas, Wilson Guilherme (GEX Abast) foi abordado por MGF na seguinte linha: “pense bem antes de ir e se definir em que quadrilha você pertence!!”, diz Rogério Araújo a Marcelo Odebrecht e Marcio Faria. O presidente da Odebrecht diz confessa logo em seguida: “Não sei se entendi bem a mensagem dela”. Segundo o Estadão, Graça Foster, a Odebrecht e a Petrobrás não responderam aos contatos da reportagem.Fonte:Bahia Noticias