Um dos principais delatores da Operação Lava Jato, o doleiro Alberto Youssef detalhou, em depoimento à Polícia Federal, como operacionalizou o pagamento de propinas para o Partido dos Trabalhadores (PT). Youssef disse, por exemplo, que nos pagamentos de dinheiro sujo feitos pela Toshiba Infraestrutura por obras do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), o executivo da empresa, José Alberto Piva Campana, chegou a reclamar que o PT estaria "enchendo o saco" para receber uma parcela de propina acertada com a empresa.
Segundo Youssef, em 2010 ou 2011, a Toshiba procurou seus serviços para que o então diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, intercedesse em favor da companhia em uma obra do Comperj. Neste momento, disse o delator, Piva e o presidente da Toshiba, José Borba, foram informados que teriam de pagar propina não só ao Partido Progressista (PP), que dava sustentação política a Costa, mas também ao PT por meio do então tesoureiro do partido, João Vaccari Neto. Pelo acordo, relatou Youssef, parte do dinheiro sujo devido ao PT foi entregue à cunhada de Vaccari, Marice, no escritório da empresa de fachada GDF, de propriedade do doleiro.
No depoimento que prestou à Polícia Federal, Alberto Youssef disse ainda acreditar que "todos" os repasses ao PT feitos pelas empresas Treviso, Auguri Empreendimentos e Piemonte Investimentos, ligadas ao também delator Julio Camargo, eram o mais puro pagamento de propina. Ao detalhar o caminho do dinheiro sujo até os cofres petistas, o doleiro citou o envio de cerca de 160.000 reais da Empreiteira Rigidez, uma empresa fantasma, à LXC Artes Gráficas. O pagamento teria ocorrido a mando do empreiteiro Ricardo Pessoa, que havia se comprometido a repassar 2,5 milhões de reais ao partido. O recebimento da parcela de propina por meio da gráfica, segundo Youssef, foi feita por um emissário de Vaccari identificado como Chicão.Fonte:Veja