A diferença de rendimento entre as escolas públicas brasileiras mais pobres e as mais ricas aumentou na última década. É o que mostra a comparação entre estudantes de diferentes níveis socioeconômicos na Prova Brasil, avaliação do governo federal que mede o desempenho em português e matemática a cada dois anos.
A análise é do Inep. Em 2005, a diferença das notas entre os 20% mais pobres e os 20% mais ricos para o 5.º ano em português foi de 20 pontos. Em 2013, mais do que dobrou: cravou 42 pontos, salto de 110%. O mesmo problema ocorreu em matemática: a diferença avançou de 20 pontos para 47, acréscimo de 139%. A prova de 2015 ainda não foi feita.
A desigualdade também cresceu no 9.º ano, embora em menor proporção. Em 2005, a diferença entre a média das escolas de nível socioeconômico mais baixo e mais alto era de 24 pontos em português. Em 2013, subiu para 28 -- 14% mais alta. Já em matemática, o abismo cresceu 16%.
No quadro geral, todos os estratos de renda obtiveram notas aquém do esperado. O movimento Todos pela Educação considera que, nos anos iniciais, os estudantes deveriam ter chegado, no mínimo, a 200 pontos em português e 225 em matemática (a realidade foi, respectivamente, 182 e 205). Nas séries finais, as notas mínimas deveriam ter sido 275 pontos em português e 300 em matemática, mas alcançaram, nesta ordem, 237 e 242.
A redução da desigualdade precisará estar no topo das prioridades do Ministério da Educação, de estados e municípios nos próximos anos. É o que prevê o novo Plano Nacional de Educação (PNE). Faltam, no entanto, estratégias concretas para isso. Desde que o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, reassumiu a pasta, em setembro, o MEC tem afirmado que vai alterar os programas que atendem unidades mais pobres.
Publicidade
O novo cruzamento reforçou outro levantamento apresentado pelo Inep em setembro. Na ocasião, a instituição comparou o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), principal termômetro da qualidade educacional, entre escolas com renda baixa e alta, com o mesmo número de alunos. A diferença de resultado ficou na casa de 60%.
Para a especialista Vanda Mendes Ribeiro, as ações do MEC, mesmo quando buscaram a melhoria na educação, não focaram nos estratos mais frágeis. De acordo com ela, uma das formas de combater a desigualdade é ter na mesma sala alunos de diferentes origens.
(Com Estadão Conteúdo)