Não há quantidade de álcool segura a ser consumida durante a gravidez. Essa é a nova recomendação da Academia Americana de Pediatria, baseada em estudo publicado no periódico científico Pediatrics.
A ingestão de bebidas alcoólicas na gestação tem sido associada a problemas neurocognitivos e comportamentais na criança, assim como a diversas deformidades faciais. O grupo de sintomas é conhecido como 'espectro de desordens fetais alcoólicas' (FASD, na sigla em inglês).
Ainda de acordo com o estudo, todas as formas de álcool representam risco ao feto. Isso porque o álcool ingerido pela gestante ultrapassa a barreira da placenta e se acumula no líquido amniótico.
De acordo com a pediatra Conceição Segre, coordenadora da obra "Efeitos do Álcool na Gestante, no Feto e no Recém-Nascido", o álcool consumido pela gestante também atinge o feto por meio do sangue do cordão umbilical, prejudicando a transferência de nutrientes e oxigênio. Cerca de uma hora depois de a gestante ingerir a bebida, o nível de álcool no sangue do feto se iguala ao medido no organismo da mãe. Mas, como o bebê tem massa corporal menor e o fígado imaturo para metabolizar a substância, calcula-se que o efeito tóxico para ele seja até oito vezes maior. As consequências dessa intoxicação permanecem a vida inteira, com intensidade variável, explicou Conceição.
Mas de acordo com os autores do trabalho, o grande problema na medicina é não haver ainda consenso em relação ao assunto. As recomendações entre os médicos variam muito de acordo com a cultura do país de origem. Além disso, alguns estudos afirmam que beber moderadamente e esporadicamente durante a gravidez não causa problemas no feto e não causa atrasos no desenvolvimento da criança.
"Os trabalhos que analisaram os riscos do consumo de bebidas alcoólicas durante a gestação e afirmaram que há não grandes problemas na ingestão de doses baixas podem ter utilizado métodos insuficientemente sensíveis para detectar as afecções. É ingenuidade afirmar que é seguro tomar bebidas alcoólicas na gravidez.", disse Janet Williams, principal autora do trabalho que embasou a decisão da Academia Americana de Pediatria.Fonte:Veja