O Ministério Público Federal apresentou ao juiz Sergio Moro, responsável pelos processos da Operação Lava Jato em Curitiba, as últimas alegações antes da sentença judicial e defendeu que o ex-deputado federal Luiz Argôlo seja penalizado a mais de 30 anos de prisão por 76 atos de peculato, dez de corrupção e dez de lavagem de dinheiro. Segundo a acusação, o ex-parlamentar do Partido Progressista (PP) era um dos políticos mais próximos do doleiro Alberto Youssef ele foi beneficiado no esquema do petrolão tanto por ter sido filiado ao PP, partido que se beneficiou em larga escala do propinoduto, quanto por uma decisão pessoal do doleiro, que admitiu ter "interesse pessoal" na carreira política do ex-parlamentar.
Conforme o MP, Argôlo recebia propina e presentes específicos, como móveis, cadeiras de rodas e até um helicóptero. Para o procurador Paulo Roberto Galvão, Argôlo pode ser classificado "quase como sócio" de Alberto Youssef em negócios ilícitos. A proximidade dos dois era tanta que os investigadores conseguiram mapear 78 visitas de Argôlo aos escritórios de Youssef em viagens cujas passagens aéreas acabaram custeadas pela Câmara dos Deputados. Foram pelo menos 40 visitas (93 trechos aéreos) entre 2011 e 2014 pagas pela Câmara ao custo aproximado de 55.000 reais.
Na manifestação final contra Argôlo antes da sentença, o MP alega que o ex-deputado sabia da origem criminosa dos recursos que recebia do doleiro e que colocava o mandato parlamentar na Câmara a serviço dos interesses de Youssef. "Cuida-se de crimes praticados com o intuito de impedir que fosse traçado qualquer tipo de conexão entre o então deputado federal e um lavador de dinheiro profissional, de modo que Luiz Argôlo pudesse usufruir dos valores sem maiores preocupações", disse o Ministério Público. Ao "trabalhar" para Youssef, Argôlo intercedeu, em nome do doleiro, junto ao Banco do Nordeste para a liberação de uma linha de crédito para a empresa de fachada GFD Investimentos.
Durante a apresentação de sua defesa, Luiz Argôlo chegou a afirmar que achava que Youssef era um "vendedor de joias" ou um "empresário do estado da Bahia" e justificou parte dos recursos recebidos do doleiro alegando ter vendido a ele um terreno em Camaçari (BA).Fonte:Veja