A Procuradoria-Geral da República protocolou no Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quinta-feira um novo pedido de abertura de inquérito contra o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Desta vez, a solicitação para investigar o político ocorre depois da descoberta de contas secretas do peemedebista na Suíça.
O pedido também envolve a esposa de Cunha, Claudia Cruz, e a filha do deputado, Danielle Cruz. O caso vai ser analisado pelo ministro Teori Zavascki, relator dos processos da Lava Jato no STF.
Eduardo Cunha já foi denunciado pelo procurador-geral, Rodrigo Janot, pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Hoje, a PGR aditou a esse processo trechos da delação premiada do lobista Fernando Baiano, apontado como o operador do PMDB no esquema de corrupção desvendado pela Operação Lava Jato.
As autoridades de investigação suíças encontraram contras secretas do peemedebista e de familiares no país europeu. O saldo dessas contas foi bloqueado e há indícios de que elas conteriam propina supostamente recebida pelo deputado no escândalo do petrolão. Parte dos recursos, segundo os investigadores, foi utilizado para pagar despesas da esposa do parlamentar em uma escola de tênis nos Estados Unidos.
Embora negue ter recebido propina ou manter contas secretas no exterior, Eduardo Cunha foi citado diversas vezes por delatores e investigados na Lava Jato. O engenheiro João Augusto Henriques, por exemplo, apontado pelo Ministério Público como um dos operadores do PMDB na Lava Jato, foi um dos investigados no petrolão que citou o peemedebista Cunha como um dos beneficiários de dinheiro em contas secretas no exterior. Em depoimento à Polícia Federal, ele disse que repassou dinheiro a uma conta corrente cujo verdadeiro destinatário era o presidente da Câmara.
À Justiça, o lobista Julio Camargo, que atuou a favor da empresa Toyo Setal, afirmou que o deputado pediu 5 milhões de dólares do propinoduto da Petrobras em um contrato de navios-sonda. O ex-gerente da Área Internacional da Petrobras Eduardo Musa também afirmou que cabia a Cunha dar a "palavra final" nas decisões da diretoria Internacional - na época, a área era comandada pelo réu no petrolão Jorge Zelada. Segundo Musa, coube a João Augusto Henriques emplacar Zelada na cúpula da petroleira, embora fosse de Cunha a influência direta sobre a gestão da companhia.
O advogado de Eduardo Cunha, Antonio Fernando de Souza, não atendeu os telefonemas da reportagem para comentar o novo pedido de inquérito.Fonte:Veja