O Brasil caiu cinco posições e agora aparece no 57º lugar no ranking global que mede a capacidade de desenvolver, atrair e reter talentos, segundo pesquisa divulgada nesta quarta-feira pelo instituto de pesquisa suíço IMD.
O estudo, que engloba 61 países, centra o foco em três categorias principais: investimento/desenvolvimento, atração, e prontidão. Dentro delas, são avaliados pontos como educação, aprendizagem, treinamento de funcionários, fuga de capital humano, custo de vida, motivação dos colaboradores, qualidade de vida, competências linguísticas, remuneração, taxas e impostos.
O professor Arturo Bris, diretor do Centro de Competitividade Mundial do IMD e responsável pelo estudo, lembra que nem sempre poder econômico e talento andam lado a lado. Ele aponta que a capacidade de gerar e reter talentos depende da agilidade de moldar políticas públicas que atuem nesse sentido, e que o Brasil e outros países da América Latina ainda são muito deficientes nesse ponto. "No Brasil, a situação está se deteriorando, em vez de melhorar. É dispensável dizer que esta tendência tem de ser revertida", comenta.
Neste ano, o Brasil obteve nota geral 10,8, na escala que vai de zero a 100. A melhor classificação brasileira foi em 2005, quando atingiu a 28ª posição no ranking. Na categoria investimento/desenvolvimento, a nota brasileira este ano foi de 47, ficando em 48 na categoria prontidão e 56 em atração.
O relatório aponta que o Brasil viu seu indicador sobre o "crescimento da força de trabalho" cair fortemente, de 4,57% em 2005 para 0,75% em 2014 e -0,05% em 2015. Da mesma forma, a nota sobre disponibilidade de "trabalhadores qualificados" caiu de 5,34 para 3,11 no mesmo período.
A avaliação do país também caiu drasticamente no critério "habilidades financeiras" (de 6,17 em 2005 para 4,05 em 2015) e "gestores seniores competentes" (de 6,20 para 3,68). Em "sistema educacional", a nota caiu de 3,34 para 1,88 no mesmo período. Nesse item, o Brasil aparece em último lugar no ranking global, o que também acontece em "ciência na escola" e "habilidades linguísticas".
Por outro lado, a "participação das mulheres no mercado de trabalho" avançou de 43,11% para 49,65% nos últimos dez anos. Este é o item em que o Brasil está mais bem colocado na classificação mundial, em terceiro lugar, perdendo apenas para Lituânia (50,12%) e Letônia (49,87%).
O ranking global geral é liderado por Suíça (nota 100), Dinamarca (83,7), Luxemburgo (78,6), Noruega (78,1) e Holanda (77,1). Na parte de baixo da tabela estão Brasil (10,8), Croácia (9,6), Peru (7,8), Venezuela (2,9) e Bulgária (0,0) na última colocação.
(Com Estadão Conteúdo)