O primeiro-ministro francês, Manuel Valls, disse na manhã desta quinta-feira que a França pode ser alvo de ataques com armas químicas e biológicas. Em discurso feito no Parlamento, ele defendeu a proposta de estender o estado de emergência no país por três meses e anunciou a criação de uma nova organização para conter a radicalização de jovens no país. "Não podemos descartar nada. Digo com toda a precaução necessária. Sabemos que também há um risco de armas químicas ou biológicas", disse.
O primeiro-ministro ainda afirmou que o terrorismo atingiu a França "não pelo que o país está fazendo no Iraque e na Síria, mas pelo o que ele é". "Nós estamos em guerra, mas não o tipo de guerra com a qual estamos acostumados. É uma guerra cuja frente está em mudança constante e que encontra formas de entrar na nossa vida cotidiana", afirmou Valls. Segundo ele, prevenir que jovens franceses se radicalizem é mais importante do que focar nas pessoas que voltam da Síria para combater o terrorismo na França.
Reação - O governo francês vem propondo uma série de medidas para combater o terrorismo, depois que uma série de ataques em Paris deixou 129 mortos e mais de 350 feridos na última sexta-feira.
Na quarta-feira, o governo apresentou formalmente ao Parlamento a proposta de estender o estado de emergência de doze dias para três meses. Nesta quinta-feira, a Assembleia Nacional da França aprovou a medida, que será votada amanhã pelo Senado.
Se aprovada, a decisão pode, por exemplo, reforçar a segurança em espaços públicos e aumentar o controle nas fronteiras, aeroportos e estações de trem. Além disso, as autoridades poderão fechar espaços de encontros ou associações, como as mesquitas. Segundo o jornal francês Le Monde, Valls ressaltou que o estado de emergência não apenas deverá ser prolongado, mas também se entender a todo território francês, incluindo locais como Guiana Francesa, Polinésia Francesa, Martinica e Ilha da Reunião.
A proposta foi apresentada logo após uma operação antiterrorista em Saint-Denis, distrito ao Norte de Paris, ter resultado na morte de dois suspeitos de envolvimento nos atentados de 13 de novembro, além de prisão de outros oito. A ação tinha como alvo o jihadista Abdelhamid Abaaoud, apontado como o mentor dos atentados em Paris, mas ainda não se sabe se ele foi morto ou preso. Segundo as autoridades de segurança, esses suspeitos planejavam um novo ataque na capital francesa, desta vez em La Défense, o centro financeiro da cidade.Fonte:Veja