A enxurrada de lama formada após o rompimento de duas barragens da mineradora Samarco, em Mariana (MG), na quinta-feira (5), avançou pelo leito do rio Doce e chegou ao Espírito Santo na madrugada desta terça-feira (10). A primeira cidade afetada é Baixo Guandu, na divisa com Minas Gerais, de acordo com cálculos do CPRM (Serviço Geológico do Brasil). Por conta da possibilidade de contaminação, o abastecimento de água foi paralisado em cidades do noroeste capixaba, e a interrupção deve durar até o fim desta semana.
Segundo o biólogo André Ruschi, diretor da escola Estação Biologia Marinha Augusto Ruschi, em Aracruz (ES), a onda de lama que desce pelo rio Doce atingirá, no total, uma área de cerca de 10 mil quilômetros quadrados no litoral capixaba - área equivalente a mais de seis vezes o tamanho da cidade de São Paulo.
Haverá impacto, afirmou o especialista, em três unidades de conservação marinhas: Comboios, Área de Proteção Ambiental Costa das Algas e Refúgio da Vida Silvestre de Santa Cruz, que somam aproximadamente 200 mil hectares no mar.
Obra é realizada no rio Doce para garantir o abastecimento de água nos municípios que devem ser atingidos pela lama oriunda do desaste ambiental em MG
O Iema (Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos) intimou a mineradora Samarco, responsável pela operação nas barragens que se romperam, a tomar providências quanto aos danos ambientais provocados pela enxurrada de lama. O material apresenta rejeitos usados no processo de mineração e pode conter altos níveis de alumínio, ferro, manganês, entre outros elementos. Técnicos realizam análises para verificar a possibilidade de contaminação.
"A determinação do instituto é para que a empresa promova todo o apoio necessário aos municípios e aos cidadãos capixabas que forem atingidos pela onda de lama, com ações que minimizem os impactos ambientais decorrentes da impossibilidade do tratamento de água nos locais afetados pelos rejeitos", informou a Iema.
O instituto é responsável por emitir licenças ambientais região litorânea do Espírito Santo. Entre as medidas exigidas, estão o monitoramento da qualidade da água do rio Doce e das águas marinhas, além de distribuir água potável para consumo humano e animal. A Samarco foi contatada, mas não emitiu comunicado sobre o assunto até a publicação deste texto.Fonte:Uol