A partir de conversas do presidente do Conselho de Ética, José Carlos Araújo (PSD-BA), para a escolha do relator do processo para apurar quebra de decoro do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), fica claro, segundo deputados do próprio Conselho, o favoritismo de Fausto Pinato (PRB-SP).
Pinato chegou à Câmara com apenas 22 mil votos, amparado pela votação de Celso Russomano, campeão de votos no Estado de São Paulo.
O ponto de vista do relator do processo é da maior importância no julgamento mas, no caso de Cunha, que divide opiniões na Câmara, há quem aposte na possibilidade de empate no Conselho de Ética – dez votos a favor da abertura do processo e dez pelo arquivamento, o que daria ao presidente do Conselho o voto de desempate.
Os outros sorteados são José Geraldo (PT-PA), o que iria expor o ponto de vista do partido do governo antes de o julgamento chegar ao plenário, e Vinícius Gurgel (PR-AP), que pertenceu ao grupo liderado por José Sarney no Estado.
A escolha do relator ainda será anunciada pelo deputado José Carlos Araújo mas, diante das outras possibilidades, Pinato é apontado como o nome mais adequado.
Os que querem que Pinato acolha o pedido de cassação do mandato de Cunha argumentam que ele pode procurar ter vida política própria, ganhar notoriedade com essa relatoria. Mas os defensores de Cunha vão pressioná-lo, lembrando que ele chegou à segunda vice-presidência do Conselho de Ètica com o apoio do próprio Cunha.
O tempo que o relator consumir para apresentar o parecer sobre a admissibilidade do processo já será indicativo importante para Eduardo Cunha.
Para o presidente da Câmara, se for utilizado o prazo total de dez dias, melhor para ele, que quer arrastar a discussão para o ano que vem. Depois desse prazo, será aberto outro prazo, para a defesa e, mais uma vez, prazo para o relator apresentar o seu ponto de vista.
Cunha gostaria de deixar o julgamento para o ano que vem – com tempo de melhorar o ambiente político para ele no plenário da Câmara.Fonte:G1(Cristiana Lobo)