O governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), afirmou na noite desta terça-feira que ainda há riscos de rompimento das duas barragens do complexo minerário de Alegria, na cidade mineira de Mariana. As contenções de Santarém e Germano - a maior e mais antiga do complexo - tiveram as estruturas abaladas após o desmoronamento de Fundão no dia 5 de novembro. "Está sendo feito trabalho de enrocamento. Vai ser colocado no total 500 mil metros cúbicos de pedra e o risco que existe hoje já está diminuído. Mas, evidentemente, a situação ainda é de emergência, tanto que não permitimos que a população retornasse (às casas)", disse o governador durante entrevista coletiva.
No mesmo dia, a Samarco, que é dona do complexo, reconheceu que existe a probabilidade de as barragens remanescentes se romperem. As duas estruturas operam com a margem de segurança abaixo do considerado seguro - 1,37 e 1,22, respectivamente. O limite mínimo é de 1,50, em uma escala de zero a 2. "O monitoramento das barragens está sendo feito diariamente", reforçou o governador.
Na noite de ontem, Pimentel participou de uma reunião do Comitê de Gestão e Avaliação de Respostas, criado pelo governo federal na semana passada. Nela, estavam presentes a presidente Dilma Rousseff, o governador do Espírito Santo, Paulo Hartung (PMDB), e os ministros da Casa Civil, Jaques Wagner, da Integração Nacional, Gilberto Occhi, do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, e de Minas e Energia, Eduardo Braga.
Segundo Pimentel, apesar de ainda não ter sido completado o trabalho de busca de desaparecidos, o impacto inicial da tragédia já foi superado e é preciso trabalhar em questões de longo prazo. "Tomamos junto com o governo federal todas as medidas necessárias, não tem nenhuma providência que não tenha sido tomada", disse. Até o momento, já foram confirmadas onze mortes e 12 pessoas continuam desaparecidas.
A presidente Dilma, por sua vez, afirmou que será criado um fundo de socorro para as áreas afetadas pelos rejeitos (resíduos resultantes do beneficiamento dos minérios) da mineradora Samarco, entre Minas Gerais e o Espírito Santo. A barragem da empresa rompeu, soterrando vilarejos e contaminando a água do Rio do Doce. "Recuperar o rio é a única forma de dar uma resposta positiva à população atingida. Precisamos tornar esse rio o que ele era antes das empresas e das pessoas chegarem ali e uma parte disso terá de ser feita pela empresa", afirmou. Ela, no entanto, ainda não definiu como será a composição e o gerenciamento desse fundo. Dilma também disse, sem dar detalhes, que estuda mudar a legislação em função do desastre ambiental.
Pimentel disse ainda que problemas de abastecimento de água também devem ser totalmente superados até o fim da semana. "O município mais afetado que foi Governador Valadares já teve abastecimento restabelecido, ainda faltam três ou quatro", disse, afirmando que o governo está levando água via caminhão-pipa. Segundo o governador, dos 35 municípios banhados pelo Rio Doce, cerca de oito ou nove captavam água para abastecimento urbano diretamente do rio.
(Com Estadão Conteúdo)