O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso usou as redes sociais nesta segunda-feira para rebater a denúncia do ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró de que a compra da petrolífera argentina Pérez Companc pela Petrobras envolveu o pagamento de 100 milhões de dólares em propina ao seu governo.
"Afirmações vagas como essa, que se referem genericamente a um período no qual eu era presidente e a um ex-presidente da Petrobras já falecido (Francisco Gros), sem especificar pessoas envolvidas, servem apenas para confundir e não trazem elementos que permitam verificação", escreveu o ex-presidente.
Em outubro de 2002, então presidida por Gros, a Petrobras comprou 58,62% das ações da Pérez Companc e 47,1% da Fundação Pérez Companc por 1,027 bilhão de dólares. Na época, a Pecom, como é conhecida, era a maior empresa petrolífera independente da América Latina.
No documento em que cita o pagamento de propina na compra da petrolífera, o ex-diretor da Petrobras não explica para quem teria ido a suposta propina ou quem teria feito o pagamento. Nestor Cerveró cita apenas que a venda rendeu um milhão de dólares a cada diretor da Pecom e mais 6 milhões de dólares a um homem chamado Oscar Vicente, suposto operador do ex-presidente argentino Carlos Menem. FHC diz não ter "a menor ideia" do que diz Cerveró e lembra que "na época, o presidente da Petrobras era Francisco Gros, pessoa de reputação ilibada e sem qualquer ligação político partidária."
As informações do ex-diretor da Petrobras constam de documento apreendido no gabinete do senador Delcídio Amaral (PT-MS), ex-líder do governo no Senado, e que é parte do resumo das informações que Cerveró prestou à Procuradoria-Geral antes de fechar seu acordo de delação premiada. O papel foi apreendido no dia 25 de novembro, quando Delcídio foi preso sob acusação de tramar contra a Operação Lava Jato. O senador, que continua detido em Brasília, temia a delação de Nestor Cerveró.
(com Estadão Conteúdo)