Comentando o “Se eu fosse você''
A questão da semana é o caso da mulher casada há 20 anos e completamente apaixonada pelo marido. O problema é que nos últimos anos ele se recusa a fazer sexo. Diz sempre que está cansado ou com dor de cabeça. Ela se sente amada por ele, mas não quer passar o resto da vida dessa forma. Quando fala em separação, ele se desespera.
Não sabemos exatamente porque o marido da internauta evita fazer sexo. Mas o fato é que muitos homens, com dificuldade de obter ou manter a ereção, se comportam dessa forma.
O pior é que um estudo mostrou que o homem demora em média quatro anos para buscar ajuda no campo sexual. O medo de aceitar a impossibilidade de fazer sexo, a dificuldade de contar isto para outra pessoa, a vergonha. Tudo leva o homem a achar que amanhã vai passar e atrasa a procura por ajuda. É muito sofrimento desnecessário.
Há alguns séculos era bem mais difícil para o homem. Na França, na Idade Média (século 5 ao 15), havia o Tribunal da Impotência. Uma mulher podia acusar o marido de impotência e com isso conseguir a anulação do casamento. Claro que não era simples provar sua acusação.
No século 12, ainda se aceitavam provas como juramento dos maridos, testemunhos de sete vizinhos que “ouviram dizer” que o homem era impotente, até suplícios como caminhar sobre ferros quentes para provar a inocência. A verificação da impotência foi se aperfeiçoando. O bispo deveria indicar sete parteiras para examinar as partes genitais da esposa, a fim de verificar se o hímen foi rompido.
A medicina medieval aconselhou o ato sexual público de marido e mulher quando havia acusação de impotência. O médico, com autorização da justiça, primeiro examinava os órgãos genitais de ambos. Depois, uma mulher respeitável assistia o casal deitado durante alguns dias. Ela lhes dava alimentos afrodisíacos, fazia massagem com óleos, ordenava-lhes que se acariciassem e se beijassem. Ao final, transmitia ao médico o que tinha visto. E então ele podia depor em juízo.
Todo esse processo era dramático para o homem, levado sob os gritos da multidão para a casa onde se lhe exige que cumpra o seu dever conjugal. Além do ridículo que experimenta, o marido é ameaçado, em caso de fracasso, de ser separado da mulher, de ter de devolver o dote e de ser condenado ao celibato para o resto dos seus dias.
Hoje não há mais dote para devolver e a “vergonha” masculina se limita ao que a esposa deixa as amigas saberem. Mas a carga cultural ainda é enorme e a felicidade do casal fica ameaçada quando o homem falha. O melhor caminho é evitar o desespero e lembrar que os especialistas afirmam que sempre é possível restabelecer a ereção. Estamos vivendo a era dos melhores tratamentos e soluções.
Entretanto, o temor de novo fracasso pode criar um círculo vicioso. Se um homem fica ansioso durante o ato sexual, são liberadas substâncias como a adrenalina, afetando o funcionamento do seu sistema nervoso autônomo. Isso leva à contração dos vasos sanguíneos, impedindo o fluxo de sangue para o pênis, o que torna difícil obter ou manter a ereção.
A preocupação com o desempenho acaba, então, ocasionando a impotência ou até mesmo fazendo o homem desistir antes do tempo, antecipando essa possibilidade.
Grande parte dos casos de disfunção erétil deixará de existir quando o homem se libertar da obrigação de provar que é macho. Partir para o ato sexual apenas quando existir desejo real pela parceira e não se preocupar com a ereção são pré-requisitos fundamentais.
Aí talvez seja possível experimentar o sexo com liberdade, simplesmente para obter e proporcionar prazer, longe de qualquer tipo de ansiedade.
Fonte:reginanavarro.blogosfera.uol.com.br