O juiz federal Sergio Moro, que conduz os processos da Operação Lava Jato em primeira instância em Curitiba, acolheu parcialmente o pedido da defesa do pecuarista José Carlos Bumlai e permitiu que o amigo do ex-presidente Lula cumpra prisão domiciliar usando tornozeleira eletrônica nos próximos três meses. Na terça-feira, uma petição enviada pelos advogados de Bumlai a Moro informou que o pecuarista, preso desde novembro de 2015, foi diagnosticado com câncer na bexiga e pediu liberdade provisória ou substituição da prisão preventiva do amigo de Lula por prisão domiciliar.
A defesa apresentou a Moro um relatório em que o médico Francisco Pegoretto alerta para o risco de seu paciente "desenvolver infecções secundárias" caso exposto a "situações de estresse e ambientes insalubres". Pegoretto afirma que o pecuarista deverá ser submetido a uma cirurgia para a retirada de "tumores residuais", além de tratamento baseado em sondagens com o BCG, o Bacilo da Tuberculose, que pode causar efeitos colaterais "acentuados".
Ao permitir a prisão domiciliar de Bumlai, Moro contrariou parecer do Ministério Público Federal, que se manifestou pela manutenção do amigo de Lula no Complexo Médico Penal de Pinhais, na região metropolitana de Curitiba. De acordo com o MPF, o pecuarista poderia deixar a prisão para ser internado e passar pela cirurgia, mas deveria ser tratado no complexo prisional. "Permanece obscura a necessidade do investigado ter sua prisão preventiva revogada ou substituída, pois inexiste causa comprovada da absoluta incompatibilidade entre o tratamento médico e o decreto prisional em vigor", escreveram os procuradores da força-tarefa da Lava Jato.
Moro ressalta que não revogou a prisão temporária, mas entende, no entanto, que "a prudência recomenda" que, para não haver prejuízo ao tratamento de Bumlai, deve-se conceder a ele "tratamento mais leniente, enquanto durar o tratamento". O pecuarista receberá a tornozeleira eletrônica na próxima segunda-feira. Ele poderá sair de casa para se submeter à cirurgia e ir a consultas médicas. Ao fim dos três meses de prisão domiciliar, Moro decidirá se há necessidade de prorrogar o benefício.
Em dezembro, José Carlos Bumlai virou réu na Lava Jato pelos crimes de lavagem de dinheiro, corrupção ativa e passiva e gestão fraudulenta. Segundo os investigadores, o empresário e amigo do ex-presidente Lula integrou um esquema de corrupção envolvendo a contratação da Schahin pela Petrobras para operação do navio sonda Vitoria 10000 e a concessão de um empréstimo fraudulento para lavar propina que foi encaminhada ao PT, conforme Bumlai confessou à força-tarefa da Lava Jato.Fonte:Veja