A secretária da Odebrecht Maria Lúcia Tavares está negociando acordo de delação premiada com os investigadores da Lava Jato, segundo a edição desta terça-feira do jornal Folha de S. Paulo. Era Maria Lúcia, lotada na sede da empresa em Salvador (BA), quem guardava as planilhas de contabilidade dos "acarajés", codinome que a força-tarefa atribui ao pagamento de propina.
A funcionária foi presa na 23ª fase da Lava Jato, batizada Acarajé, deflagrada em 22 de fevereiro. Essa etapa da operação apontou mais indícios do envolvimento de Marcelo Odebrecht no petrolão e teve como principal alvo o publicitário João Santana, responsável pelas campanhas eleitorais de Lula e Dilma.
Documentos em posse da força-tarefa do Ministério Público apontam que Maria Lúcia era quem controlava as planilhas de pagamentos ilícitos feitos pela empreiteira. Em uma delas, constavam destinatários como "Feira", uma referência a João Santana, e JD, em alusão ao ex-ministro da Casa Civil José Dirceu. Ao explicar, em depoimento à Polícia Federal, a origem do termo "acarajé", a funcionária apresentou uma versão fantasiosa e nada convincente.
Disse que "as baianas em Salvador vendem pequenas porções para aperitivo, em caixa, e então cabia [a ela] providenciar essas entregas a pedido de Hilberto". Por essa narrativa, os acarajés - em porções de 50 - seriam supostamente remetidos de Salvador para o Rio de Janeiro e chegavam "quentinhos".
Essa é a primeira vez que um funcionário da maior empreiteira do país vai colaborar com as investigações. Se fechar o acordo, Maria Lúcia pode esclarecer os pagamentos paralelos feitos a Santana. De acordo com a Folha, o acordo de delação ainda não foi homologado pela Justiça, mas a negociação foi confirmada ao jornal por três fontes.
Maria Lúcia decidiu colaborar com a Lava Jato depois que ganhou a liberdade, no dia 2 de março. Nesse dia, uma reunião foi convocada às pressas pelos advogados da empreiteira para debater a delação - negociada fora do controle da Odebrecht. Um advogado disse ao jornal que um dos principais pontos debatidos no encontro foi que os responsáveis pela defesa da secretária não souberam dar o suporte necessário a ela.Fonte:Veja