Em entrevista à rede americana CNN nesta segunda-feira, o vice-presidente Michel Temer rechaçou a tese petista e voltou a afirmar que o processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff "não é um golpe". A entrevista de Temer ocorre depois de Dilma e aliados deflagrarem a estratégia de procurar a imprensa internacional para denunciar o que chamam "golpe" contra a petista. "Que conspiração estou liderando? Eu tenho o poder de convencer 367 membros do Congresso? Mais da metade da população brasileira?", ironizou o vice-presidente.
"No exterior, causa a impressão de que o Brasil é uma republiqueta, que é capaz de um golpe. É por isso que eu digo: não há golpe no país, não há tentativa de violação do texto constitucional", disse Temer, que foi ouvido pela emissora no Palácio do Jaburu. A CNN destacou ainda o perfil discreto do vice-presidente, que não tem o hábito de conceder entrevistas a veículos de comunicação.
Questionado pela correspondente Shasta Darlington como um eventual governo Temer gostaria de ser lembrado na história, o vice-presidente voltou a falar em unificação nacional. "O meu objetivo será unir as forças políticas e formar um bom governo para me aconselhar, garantir a governabilidade, ajudar a economia a se recuperar e colocar o país de volta aos trilhos", disse Temer. O vice repetiu que, caso assuma a presidência, vai propor um governo de "salvação nacional" que "unifique todos os partidos, inclusive os de oposição".
Acusado de também assinar decretos que configuraram as pedaladas fiscais, base do pedido de impeachment contra Dilma, o vice se disse "ciente" de que, caso se torne presidente, também poderá "eventualmente sofrer um processo por responsabilização política", mas ressaltou que vem sofrendo uma "campanha de desqualificação".
A correspondente da CNN Shasta Darlington afirmou durante a entrevista que o Brasil está em "recessão profunda", sem "solução rápida". Ainda segundo Darlington, mesmo se houver mudança de guarda no Palácio do Planalto, "o caos político vai continuar", com "protestos de ambos os lados". A jornalista lembrou também que as Olimpíadas ocorrem neste ano no Brasil.
(Com Estadão conteúdo)