A revista britânica, The Economist, defendeu, em artigo publicado na edição que chega às bancas nesta sexta-feira (8), eleições gerais no Brasil e disse que o processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff (PT) não é golpe.
No texto intitulado "Quando um 'golpe' não é um golpe", a publicação diz que classificar o processo contra a presidente Dilma como golpe é um "argumento emocional" que reflete uma "visão seletiva da democracia". "Isso é a perversão, e não a defesa da democracia", afirma a centenária revista.
A Economist cita o argumento básico de Dilma e seus defensores: não há crime de responsabilidade, e portanto o processo é ilegal, e por trás da iniciativa estão as mesmas forças que derrubaram o governo em 1964: mídia, empresariado, procuradores e juízes.
A revista diz que não há evidências de que Dilma seja "pessoalmente corrupta" e lembra que "diferentemente de seu principal acusador, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, nem ela nem sua família possuem contas na Suíça ou empresas panamenhas em paraísos fiscais".
Apesar disso, argumenta a publicação, a denúncia de um suposto golpe reflete uma prática que se tornou "parte do kit de propaganda da esquerda", comum a governos como os de Nicolás Maduro (Venezuela) e Evo Morales (Bolívia).
Para a Economist, "um golpe envolve a tomada do poder por meio do uso inconstitucional de ameaça ou força por um pequeno grupo. Esse não é o caso no Brasil. Quaisquer que sejam seus ocasionais desvios, a investigação de corrupção (Lava Jato) é tocada por procuradores e juízes independentes.
Citando o argumento da oposição sobre o caráter também político do impeachment, e ao considerar que as chamadas pedaladas fiscais se qualificam como crime de responsabilidade, a publicação britânica conclui que um eventual afastamento de Dilma seria "um ato constitucional com base legal, embora frágil".
Mas a revista faz uma ressalva: isso não faz do impeachment uma saída "sábia": "Dividiria o país e arriscaria envenenar sua política por anos", pontua.