Impedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) de assumir a Casa Civil, o ministro-barrado e ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou ao Palácio do Planalto nesta quinta-feira para acompanhar o último ato de sua cria: o adeus de Dilma Rousseff, com desembarque pela porta dos fundos, ao mais longevo projeto de poder do país.
Em um esforço para relembrar os tempos em que movia multidões, o petista caminhou, separado por uma grade, ao lado de uma manifestação esvaziada - conforme estimativa da Polícia Militar, 4.000 pessoas reuniram-se em frente ao Planalto, número menor do que aquele que, sem nenhuma bandeira política, esteve no mesmo local em março para se manifestar contra a posse dele no alto escalão de Dilma.
Emocionado, Lula abraçou militantes, recebeu rosas e posou para fotografias. Em seguida, entrou no Palácio do Planalto para acompanhar, de perto, a retirada da figura que ele conseguiu eleger e na qual esperava se amparar para continuar dominando a política nacional.
Agora, seu futuro é praticamente certo. Lula não perdeu apenas o aparato de máquina pública governada pelo seu partido, mas também a valiosa perspectiva de foro privilegiado que mantinha caso fosse liberado a assumir o ministério de Dilma. Tal qual Dilma, ele pode, em breve, acabar abatido - nesse caso, pelo juiz Sergio Moro, que comanda as investigações da Lava Jato. (Marcela Mattos, de Brasília)