Só um louco até então desconhecido, como Waldir Maranhão, sentado na presidência da Câmara dos Deputados como interino, poderia chegar ao cúmulo de agir monocraticamente na madrugada de segunda-feira (9), e voltar atrás da decisão tomada na madrugada de hoje (10), anulando-a. Integrante do PP, ele deverá ser expulso do partido e passa a não ter a mínima condição de presidir o colegiado. Foi o legado que o presidente afastado pelo STF, Eduardo Cunha, deixou.
Criou-se uma reviravolta na República e ainda por cima deu-se esperança à Dilma Rousseff de permanecer no cargo, embora ela tenha dito que era “conveniente esperar pelos acontecimentos”. Enquanto Lula, por seu turno, afirmou que “se ganhou tempo”, mas se recusou a telefonar para o presidente do Senado, Renan Calheiros, para que mantivesse a posição de Maranhão.
O ex-presidente, diante da convulsão gerada por um doido, certamente entendeu que não havia a menor perspectiva de retorno para Dilma, já que o Senado, por sua maioria, não aceitaria que se mudasse a decisão do impeachment, que será votada na sessão de amanhã.
Nem Calheiros provavelmente acolheria o pedido de Lula. De qualquer sorte, a repercussão no exterior foi imensa. Mais um motivo para que a Câmara dos Deputados expurgue Maranhão do cargo. Se a imagem da Câmara já está manchada, com o número parlamentares corruptos, segundo revelação numa relação de nomes encontrada na empreiteira Odebrecht, agora tem mais um doido à bordo também respondendo a processo.Fonte:Samuel Celestino