Em duas duras notas divulgadas nesta sexta-feira, o novo ministro das Relações Exteriores José Serra rebateu o discurso bolivariano de países alinhados aos governos petistas de que o processo de impeachment que afastou Dilma Rousseff do poder foi um "golpe".
Fizeram coro à retórica petista os governos da Venezuela, Cuba, Bolívia, Equador e Nicarágua, assim como da Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América/Tratado de Comércio dos Povos (ALBA/TCP).
Em um dos comunicados, o Itamaraty defendeu a legitimidade do processo de impeachment e criticou os governos que propagam "falsidades sobre o processo político interno no Brasil". "Esse processo se desenvolve em quadro de absoluto respeito às instituições democráticas e à Constituição Federal. Como qualquer observador isento pode constatar, o processo de impedimento é previsão constitucional."
A outra nota repudia especificamente as declarações do secretário-geral da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), Ernesto Samper, que no dia do afastamento de Dilma advertiu para o risco de "ruptura democrática" no Brasil.
"Os argumentos apresentados, além de errôneos, deixam transparecer juízos de valor infundados e preconceitos contra o Estado brasileiro e seus poderes constituídos e fazem interpretações falsas sobre a Constituição e as leis brasileiras", diz o comunicado. "Além disso, transmitem a interpretação absurda de que as liberdades democráticas, o sistema representativo, os direitos humanos e sociais e as conquistas da sociedade brasileira se encontrariam em perigo. A realidade é oposta."
Venezuela - Também nesta sexta-feira, o presidente venezuelano Nicolás Maduro anunciou que pediu o retorno a Caracas do embaixador do país no Brasil, Alberto Castellar, em protesto contra o afastamento de Dilma Rousseff.
"Pedi ao nosso embaixador no Brasil, Alberto Castellar, que viesse a Caracas", informou o chavista em pronunciamento. "Estivemos avaliando esta dolorosa página da história do Brasil. Tentaram apagar a história com uma jogada totalmente injusta com uma mulher que é a primeira presidente que o Brasil teve." Maduro não informou se pretende romper definitivamente os laços diplomáticos com o Brasil.Fonte:Veja