A reportagem da Folha, no entanto, cuida menos de um eventual retorno de Dilma do que da possibilidade de uma nova eleição. Nesta quinta, começa a tramitar no Senado PEC do ex-petista Walter Pinheiro (sem partido-BA) que prevê a realização de um plebiscito em outubro para saber se a população quer nova eleição. Se o resultado fosse favorável, o TSE convocaria o pleito em 30 dias.
Ocorre que a PEC é escandalosamente inconstitucional. Fere o Inciso II do Parágrafo 4º do Artigo 60 da Constituição, que veta a apresentação de emenda que mude a periodicidade da eleição. Mas não só isso: tratar-se-ia da cassação do mandato de Michel Temer. Sob qual pretexto? Isso, sim, seria um golpe parlamentar.
A única possibilidade de haver eleição é, dado o impeachment de Dilma, haver a renúncia de Temer, mas não consta, nas circunstâncias de agora, que ele a tanto esteja disposto. Aliás, tomara que não!
Walter Pinheiro diz ter saído do PT, mas o PT não saiu de Walter Pinheiro, que está se licenciando do Senado para assumir uma secretaria no governo petista da Bahia. A proposta, ainda que constitucional fosse, é de uma impressionante irresponsabilidade.
Vejam o corte de gastos que o governo terá de fazer para tentar tirar o país do buraco. Imaginem a disposição que teriam os candidatos para, numa disputa eleitoral, pedir alguns sacrifícios à população. Mais: à direita e à esquerda, os ânimos estão exacerbados. Assistiríamos a uma espécie de campeonato de estupidez.
A proposta de novas eleições é tão aloprada quanto a que flerta com o retorno de Dilma.Fonte:Reinaldo A zevedo