Após casos de transmissão de homem para mulher na Europa e Estados Unidos, cientistas americanos registraram o primeiro caso em que o vírus da zika foi passado de uma mulher para um homem, por meio de relações sexuais. De acordo com informações da Folha de S. Paulo, uma jovem de Nova York transmitiu a doença ao namorado, através de sexo sem preservativo, após retornar de viagem a um país onde há casos de zika.
O medico que atendeu o casal levantou a hipótese da transmissão porque o rapaz não sai dos Estados Unidos há mais de um ano. O caso foi levado ao Departamento de Saúde e Higiene Mental de Nova York, que após entrevistá-los segue a linha de raciocínio do médico. Um estudo recente publicado na revista médica inglesa "The Lancet Infectious Diseases" tinha descrito, pela primeira vez, o achado do vírus da zika no trato genital feminino.
"Já imaginávamos que isso seria possível [a mulher transmitir o vírus para o homem], ainda mais depois desse estudo, mas é importante que haja a descrição para confirmar a hipótese e fortalecer a ideia de que existe uma transmissão sexual do zika", explica Max Igor Banks, infectologista do HC da USP.
"O que estamos vendo é que o vírus da zika está persistindo por bastante tempo nas pessoas e, com isso, a questão sexual passa a ter um papel extremamente relevante na epidemia", avalia Paolo Zanotto, virologista da USP, explicando ainda que os casos de transmissão sexual do zika são mais difíceis de identificar quando o casal vive em uma área de risco, como o Brasil, já que os dois podem ter sido picados pelo mosquito.
Ele afirma, no entanto, que os pesquisadores da USP tem acompanhado um grupo de homens que têm zika no sêmen, com o objetivo de “desenvolver estudos para entender a transmissão sexual no Brasil e ver se aqui ela é exceção ou um componente da epidemia".