Empreiteiros envolvidos no escândalo do petrolão usaram contratos de patrocínio da Stock Car, principal categoria do automobilismo brasileiro, para lavar dinheiro. Segundo a edição desta segunda-feira do jornal Folha de S. Paulo, eles afirmaram, em depoimentos de colaboração premiada, que os valores passavam pelo empresário Adir Assad.
Assad, que já foi condenado na Operação Lava Jato, é dono de uma empresa de marketing que atua na categoria, a Rock Star. Além disso, é o principal parceiro de uma escuderia em uma divisão de acesso da modalidade.
Em seu acordo de colaboração, o empreiteiro Ricardo Pessoa, dono da construtora UTC, disse que um dos meios de lavar o dinheiro usado para pagar propina era superfaturar os valores de patrocínio intermediados pela Rock Star. O dinheiro excedente era “devolvido” e usado para pagamentos ilegais de ex-diretores da estatal e políticos. Em uma das notas fiscais entregues à Justiça, consta um contrato de patrocínio firmado com a Rock Star no valor de 4 milhões de reais, por patrocínio e ações de marketing relacionadas ao piloto Allam Khodair na temporada de 2012.
Já Ricardo Pernambuco, sócio da Carioca Engenharia, também afirmou em delação que obtinha dinheiro em espécie para fazer os pagamentos ilícitos por meio de contratos simulados com Assad. Como prova, ele apresentou um contrato firmado com a Rock Star em 2009, no valor de 820.000 reais, para patrocinar o piloto Murillo Macedo Filho na categoria Stock Car Light.
O grupo Schahin, dono de banco e construtora, também fez pagamentos à Rock Star. As notas fiscais das remessas foram anexadas aos autos da 31ª fase da Lava Jato, deflagrada no início de julho. Ao todo, os valores somam 3,5 milhões de reais, que foram justificados como patrocínio para a J.Star Racing, equipe associada a Assad que competia na categoria Copa Montana. O responsável pela escuderia é Murillo Macedo.
Outro patrocinador do time de corrida era o banco Trandbank, que foi investigado neste ano na CPI dos Fundos de Pensão por prejuízos na gestão de recursos de funcionários da Petrobras e dos Correios. Uma quebra de sigilo da Rock Star na Lava Jato mostrou que o Trandbank foi o maior financiador da firma de Assad, com pagamentos de 28 milhões de reais, entre 2007 e 2013 – 13% do total recebido pela empresa desde a sua fundação.
À Folha, o empresário Adir Assad disse que está desligado da firma Rock Star desde 2007 e negou ter operado propina. O Grupo Schahin disse apenas que está prestando todos os esclarecimentos às autoridades. Procurado, o Trandbank não foi localizado.
Já a direção da Stock Car afirmou que as construtoras alvos da Lava Jato nunca patrocinaram institucionalmente a categoria, mas equipes privadas.
Os pilotos patrocinados pelas empreiteiras por meio da Rock Star disseram que possuíam um acordo no qual a firma ganhava o direito de explorar o espaço de publicidade nos carros e nos macacões. Dessa forma, a empresa de Assad assumia a responsabilidade de providenciar patrocinadores.Fonte:Veja