MUITAS pessoas desconfiam do que leem e ouvem nos noticiários. Por exemplo, nos Estados Unidos, a empresa de pesquisas Gallup perguntou às pessoas se elas achavam que os noticiários de jornais, televisão e rádio eram exatos, imparciais e completos. O resultado foi que seis em cada dez pessoas responderam “não muito” ou “nem um pouco”. Será que existe motivo para tanta desconfiança?
Muitos jornalistas e veículos de comunicação dizem estar comprometidos em produzir reportagens exatas e informativas. Mas há motivos para desconfiar dos noticiários. Considere o seguinte:
MAGNATAS DA MÍDIA. Os maiores veículos de comunicação pertencem a um número pequeno de corporações poderosas. Esses veículos de comunicação têm uma forte influência na escolha das histórias, na forma como serão cobertas e no destaque que terão. A maioria das corporações visa o lucro, por isso, as decisões tomadas pelos veículos de comunicação podem ser motivadas por interesses econômicos. Histórias que possam interferir no lucro dos proprietários de uma emissora ou editora talvez não sejam divulgadas.
GOVERNO. Grande parte das notícias é sobre política e políticos. O governo quer que o público apoie suas decisões e seus representantes. A mídia, por sua vez, precisa que o governo libere certas informações. Por isso, os jornalistas e o governo às vezes “cooperam” entre si.
PROPAGANDA. Na maioria dos países, os veículos de comunicação precisam ter lucro para continuar no mercado e a maior parte da sua renda vem da propaganda. Nos Estados Unidos, a propaganda gera de 50% a 60% da renda das revistas, 80% da renda dos jornais e 100% da renda dos canais de televisão e de rádio. É lógico que as empresas não querem patrocinar programas que causem má impressão sobre seus produtos ou sobre elas mesmas. Se não gostarem do que um veículo de comunicação está produzindo, as empresas podem simplesmente patrocinar outro programa. Por isso, alguns editores omitem notícias que transmitem uma ideia negativa sobre seus patrocinadores.
DESONESTIDADE. Nem todos os repórteres são honestos. Alguns jornalistas inventam histórias. Há alguns anos, por exemplo, um repórter no Japão queria documentar os danos causados por mergulhadores aos corais em Okinawa. Quando não encontrou corais danificados, ele mesmo estragou alguns e daí os fotografou. Fotos também podem ser manipuladas para enganar o público. Softwares para editar fotos estão cada vez mais avançados, tanto que algumas alterações em imagens são praticamente impossíveis de ser detectadas.
MANIPULAÇÃO DE FATOS. Até mesmo fatos podem ser apresentados de acordo com a opinião do jornalista. Que fatos serão incluídos na história? Que fatos serão omitidos? Por exemplo, um time de futebol pode ter perdido um jogo por dois gols. Isso é um fato. Mas um jornalista pode contar de várias formas por que o time perdeu.
OMISSÃO. Ao organizar os fatos para criar uma história chamativa, os jornalistas costumam excluir detalhes que poderiam levar o leitor ou o espectador a questionar a reportagem. Por isso, alguns fatos acabam sendo exagerados e outros minimizados. Visto que apresentadores de jornal e repórteres às vezes têm cerca de um minuto para contar uma história complexa, detalhes importantes podem ser omitidos.
CONCORRÊNCIA. À medida que o número de emissoras de televisão aumenta, o tempo que um espectador gasta assistindo a apenas um canal diminui drasticamente. Para manter o interesse dos espectadores, as emissoras precisam oferecer algo que seja divertido ou que chame a atenção. Comentando essa mudança, o livro Media Bias (Mídia Tendenciosa) declara: “Os noticiários [da televisão] se tornaram apenas uma sequência de imagens escolhidas para chocar e excitar. As histórias estão mais curtas para se ajustar ao período de atenção cada vez mais curto dos espectadores.”
ERROS. Como todas as pessoas, jornalistas cometem erros sem querer. Por exemplo: um erro de ortografia, uma vírgula no lugar errado ou um erro de gramática pode distorcer o significado de uma frase. Às vezes, os fatos não foram bem verificados. Ou ainda, por causa da pressa em entregar a matéria no prazo, um jornalista talvez se confunda com os números, podendo facilmente escrever 10 mil em vez de 100 mil.
CONCLUSÕES ERRADAS. Fazer uma reportagem exata não é tão fácil como alguns pensam. O que hoje parece ser um fato comprovado, amanhã talvez não seja mais. Por exemplo, no passado, acreditava-se que a Terra era o centro de nosso sistema solar. Atualmente, sabemos que a Terra gira em torno do Sol.
Uma atitude equilibrada
Não é sábio acreditar em tudo o que as notícias dizem, mas isso não significa que não se pode acreditar em nada. O segredo é ter mente aberta, mas com certa cautela.
A Bíblia diz que ‘os ouvidos julgam o valor das palavras assim como o paladar prova os alimentos’. (Jó 12:11, Bíblia na Linguagem de Hoje) As perguntas abaixo nos ajudam a analisar o que ouvimos e lemos:
VEÍCULO: A publicação ou o programa é conhecido por sua seriedade ou por ser sensacionalista? Usou uma fonte oficial e confiável? Quem patrocina a emissora ou a editora?
FONTES: A história foi bem pesquisada ou cita apenas uma fonte? As fontes são confiáveis e imparciais? Elas apresentam o assunto de maneira equilibrada ou foram escolhidas porque apoiam certo ponto de vista?
OBJETIVO: O objetivo principal dessa notícia é informar ou divertir? Será que ela está tentando vender algo ou apoiar alguma causa?
TOM: Qual é o tom da notícia? Se for muito crítico, malicioso ou de revolta, a notícia se torna mais um ataque do que uma explicação racional do assunto.
COERÊNCIA: Os fatos são coerentes com os apresentados em outros artigos ou reportagens? Se houver contradições entre as histórias, cuidado!
ATUALIDADE: Será que a informação está atualizada ou ultrapassada? Algo que há 20 anos parecia ser correto pode ter sido completamente descartado hoje em dia. Por outro lado, se a notícia for muito recente, é possível que ainda não se tenha todas as informações.
Então, podemos confiar nos noticiários? O Rei Salomão deu um conselho sábio quando escreveu: “O ingênuo acredita em tudo o que lhe dizem, mas o homem esperto olha onde pisa.” — Provérbios 14:15, Bíblia Pastoral.Fonte:www.jw.org