O chefe de gabinete do deputado Pastor Marco Feliciano (PSC-SP), Talmo Bauer, foi preso preventivamente nesta sexta-feira sob a acusação de sequestro qualificado contra uma jovem de 22 anos que acusa o parlamentar de tentativa de estupro, assédio sexual e agressão. A Procuradoria-Geral da República (PGR) avalia se investiga Feliciano a pedido da Procuradoria Especial de Mulher do Senado. A VEJA São Paulo, a jovem narrou detalhes do episódio.
No depoimento que prestou ontem à Polícia Civil de São Paulo, a jornalista Patrícia Lelis, ex-militante do PSC jovem, forneceu detalhes de como, segundo ela, Feliciano a atraiu para seu apartamento funcional em 15 de junho.
“Ele falou que tinha uma reunião do PSC jovem, mas quando cheguei la só estava ele”, disse. A jornalista afirmou que em seguida o parlamentar teria tentado abusá-la sexualmente. “Ele tentou levantar meu vestido e tirar minha blusa. Como eu não deixei, ele me deu um soco na boca e um chute na perna”, disse. Ela contou que só conseguiu escapar porque uma vizinha ouviu seus gritos e tocou a campainha para saber se estava tudo bem.
Acompanhada da mãe e de uma advogada, ela também acusou dois outros políticos importantes do PSC. Patrícia relatou que em 16 de junho, um dia depois de ter sido agredida por Feliciano, procurou ajuda no partido, mas em resposta ouviu uma proposta para receber dinheiro em troca de seu silêncio.
A proposta teria sido feita pelo presidente nacional do PSC, Pastor Everaldo, segundo ela, em uma reunião na qual estava também presente o deputado Gilberto Nascimento. “Pastor Everaldo me deu uma sacola de mercado cheia de dinheiro e disse que era para eu ficar quieta”, disse ela. De acordo com a jovem, Everaldo também a ameaçou de morte.
Patrícia contou que, após relatar o caso no PSC, passou a ser perseguida dentro do partido.
Ela relatou ter sido procurada pelo chefe de gabinete de Feliciano, Talmo Bauer. Os dois se encontraram em um café, onde ela gravou a conversa com o assessor. O arquivo foi encaminhado por Patrícia a dois amigos, com a orientação de que deveria ser divulgado na internet caso acontecesse alguma coisa com ela.
No sábado passado, ela saiu de Brasília e foi a São Paulo. Assim que chegou à capital paulista, a jornalista diz que continuou sendo assediada por Bauer. Segundo Patrícia, o chefe de gabinete a forçou a gravar dois vídeos em que negava as agressões e rasgava elogios a Feliciano. Os vídeos foram publicados na internet nesta semana. “Ele também pegou a senha do meu Facebook e do WhatsApp e passou a mandar mensagens em meu nome”, relatou.
Ao estranhar a postura da jovem nas redes, os amigos divulgaram, na quarta-feira passada, o áudio. Na conversa, Bauer oferece ajuda a ela e a aconselha a “deixar tudo para lá”. Contactada por telefone nesta quarta, Patrícia Lelis reafirmou o que havia dito no vídeo, que não havia sido agredida por Feliciano. Ao conversar pessoalmente, no entanto, confirmou as agressões. “Eu estava com medo porque estou sendo monitorada”, diz. Durante a conversa com a reportagem, a jornalista recebeu dezenas de ligações de Bauer.
A investigação será encaminhada para Brasília porque Feliciano tem foro privilegiado. “Vamos apurar o caso com muito cuidado”, disse o delegado responsável pelo caso, o delegado Luís Roberto Hellmeister.
Procurados, os deputados Pastor Marco Feliciano e Gilberto Nascimento não foram localizados. O presidente do PSC, Pastor Everaldo, diz que o tema será debatido na sigla na terça-feira e será criada uma comissão interna para averiguar o caso. Segundo o dirigente, o senador Marcondes Gadelha coordenará o processo. “Essa pessoa que está falando aí eu nunca recebi sozinho. Recebi uma única vez na sede do partido. Não conheço essa história. Não sei do que se trata”, disse Everaldo.Fonte:Veja
(Com Estadão Conteúdo)