Neymar, que no primeiro jogo havia dado sinais de amadurecimento, voltou a se descontrolar neste domingo, no vexatório empate com o Iraque. O capitão da equipe se negou a dar entrevistas na saída de campo e na zona mista (área onde os jogadores passam pelos jornalistas) do Mané Garrincha – ao contrário, por exemplo, de Renato Augusto, o mais vaiado do time, que atendeu toda a imprensa. A atitude de Neymar coloca em discussão seu papel de líder do time e enfureceu quem paga uma fortuna para transmitir a Olimpíada. Saia justa para Ronaldo, que acumula as funções de comentarista da Globo (e eventual crítico de Neymar) e dono de uma das agências que cuida da imagem do atacante, a 9ine.
“As milhões de pessoas que estão em casa têm direito, sim, de ouvir. O seu ídolo, o seu jogador, aquele que joga com a camisa da seleção brasileira. É feio, muito feio, não é profissional, não é ético e não é correto, sair de campo e se negar a falar. Alguém tinha de assumir e falar”, atacou o narrador Galvão Bueno ao ver que nenhum jogador se dispôs a dar entrevistas no gramado.
Sem citar nomes, Ronaldo tentou apaziguar o clima. “Acho que eles vão falar depois do banho, com a cabeça fria. São jogadores jovens, é de praxe”, disse, imediatamente cortado por Galvão: “É, mas não está certo”. O outro comentarista, Walter Casagrande, e o convidado Gustavo Kuerten também fizeram duras críticas ao time.
Depois de uma carreira brilhante como atleta, Ronaldo vem acumulando funções: é empresário, comentarista, já atacou de cartola na Copa e cabo eleitoral nas eleições, ambas em 2014. Sua empresa, a 9ine, já não tem mais o prestígio dos anos iniciais, quando despontou na parceria com Anderson Silva, mas, segundo consta em seus sites, ainda tem estrelas em sua cartela de clientes, como a atriz Paolla Oliveira – e Neymar.
O ex-jogador já disse diversas vezes que não vê conflito de interesses no fato de ter de avaliar o desempenho e as atitudes, em rede nacional, de seu principal cliente. Talvez ele precise explicar isso melhor ao amigo Galvão Bueno depois do fiasco em Brasília.Fonte:Veja