“O que é o peso de interpretar Ben-Hur se você está do lado de Jesus?”, brincou na tarde dessa segunda-feira o ator Jack Huston, protagonista da nova versão do clássico Ben-Hur, durante uma coletiva de imprensa de lançamento do filme em São Paulo. A frase faz todo sentido. Tanto que ao longo da conversa, a maior parte do assunto girou em torno do brasileiro Rodrigo Santoro e sua preparação para interpretar Jesus Cristo.
“Foi um trabalho bem diferente de todos que já fiz na vida. Interpretar um personagem como Jesus é uma jornada íntima e pessoal. Não tinha como não ser”, diz Santoro sobre o papel. O ator até chegou a se emocionar durante a conversa ao ser perguntado sobre a cena da crucificação.
“Na noite anterior nevou. Era Carnaval no Brasil, eu falava com meus familiares em festa e eu vivendo uma experiência bem diferente na quarta-feira de cinzas”, narra o ator. “Estava muito frio, desesperador. E eu vinha de um processo de seis horas de maquiagem corporal. Então pedi para o diretor (Timur Bekmambetov) para fazer um take longo, sem cortes. E a cruz estava no alto de uma montanha onde eu conseguia ver toda a cidade, as pessoas embaixo. Foi um momento absolutamente inesquecível”, diz Santoro, seguido de uma longa pausa e lágrimas nos olhos.
“Que vergonha chorar na frente desse monte de gente (risos). Sou emotivo, descendente de italiano. Mas a cena foi fortíssima. Nunca vou me esquecer. É indescritível estar pregado em uma cruz e dizer todas aquelas frases. Dois dias antes, pesquisei sobre o significado de cada coisa que Jesus disse na cruz e minha cabeça deu um nó. Falei com a produtora do filme (Roma Downey, da série A Bíblia), que eu não saberia fazer essa cena. E ela me falou para fazer com o coração. Que não era algo que dava pra ser entendido com a razão. Foi um toque simples e profundo”.
O ator falou sobre como a experiência o levou ao esforço de tentar ser uma pessoa melhor e praticar atos de bondade, como Cristo ensinou. “A figura de Jesus tem uma força incomparável. Muitas pessoas têm um relacionamento íntimo com Ele, eu sou uma dessas pessoas. Cresci ouvindo histórias de Jesus pela minha avó, católica praticante. Ele faz parte do meu imaginário. Quando recebi esse convite, senti fascínio mas também sabia que seria um grande desafio. Quando acordei no dia seguinte, eu tinha certeza que queria viver essa experiência.”
O drama de época se passa entre 25 e 33 d.C, período em que Jerusalém é tomada pelos soldados romanos e Jesus está começando seu ministério religioso. Assim como no filme clássico de 1959, dirigido por William Wyler, vencedor de 11 estatuetas no Oscar, o novo Ben-Hur foca na história do personagem-título, Judah Ben-Hur, um judeu rico, que precisa encarar seu irmão adotivo Messala (Toby Kebbell) quando ele coloca toda a família sob a mira do governo romano. Vendido como escravo, Judah retorna para se vingar do irmão. Ao longo de sua trajetória, o protagonista tem encontros aleatórios com Jesus.
A superprodução, orçada em 100 milhões de dólares, está prevista para estrear no Brasil no dia 18 de agosto.