O presidente Michel Temer falou sobre a urgência de crescimento econômico para uma plateia de empresários durante a abertura do Fórum da revista EXAME, da Editora Abril, que edita VEJA, nesta sexta-feira, em São Paulo. No mesmo dia em que o IBGE divulgou número recorde de desempregados no Brasil — 12 milhões — Temer admitiu a necessidade inadiável de medidas para retomar a economia do país. “O momento atual é grave e precisamos compreender isso com objetividade”, disse ele. “O Brasil tem pressa. Quem perdeu emprego não pode esperar. Famílias endividadas não podem esperar”, avaliou.
Para tanto o presidente pediu ajuda da iniciativa privada e disse que o momento requer a colaboração de vários setores da sociedade. “A criação de emprego não é um ato isolado de vontades, é a conjugação de várias vontades de empreendedores”. A recuperação, disse, virá a partir da colaboração de trabalhadores e empregadores. “O rumo para a reconstrução do nosso país já foi aberto. Juntos, vamos construir um Brasil mais moderno, mais próspero e mais justo.”
Temer falou também sobre a necessidade de reformas indispensáveis, mesmo aquelas que possam parecer impopulares num primeiro momento. “Se eu ficar impopular, mas o Brasil crescer, eu me dou por satisfeito.”
Sobre a reforma trabalhista, disse que pode ser postergada caso decisões da Justiça favoreçam a flexibilização das relações de trabalho. “Nesses últimos dias, eu tenho verificado decisões do Tribunal Superior do Trabalho e do Supremo Tribunal Federal no sentido de privilegiar o que foi acordado”, avaliou. “Vamos deixar a reforma para um pouco mais adiante. De repente, não é preciso nem mobilizar o país, já que a o STF tem decidido muitas questões pela interpretação sistêmica da lei”, disse Temer.
Em relação à reforma da previdência, voltou a afirmar que ela não retirará direitos adquiridos, e que está discutindo-a também com sindicatos. “Se eles não aceitarem, pelo menos estamos pavimentando o terreno”, disse.
Críticas
Ao falar da situação fiscal do país, Temer não poupou críticas. Para ele, a crise econômica é resultado do desequilíbrio fiscal do governo Dilma — cujo nome não citou nenhuma vez — que aumentou gastos em ritmo maior que as receitas. “É como se estivessem vendo o precipício e colocassem os dois pés no acelerador”, comparou. Para Temer, foi a crise fiscal que gerou uma crise de confiança, que derrubou o consumo e a atividade.