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A BIBLIA É A PALAVRA DO DEUS VIVO JEOVÁ.

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DISSE JEOVÁ DEUS: Pois Jeová falou: "Criei e eduquei filhos, Mas eles se revoltaram contra mim. O touro conhece bem o seu dono, E o jumento, a manjedoura do seu proprietário; Mas Israel não me conhece, Meu próprio povo não se comporta com entendimento.” Ai da nação pecadora, Povo carregado de erro, Descendência de malfeitores, filhos que se corromperam! Abandonaram a Jeová".Isaías 1:1-31

segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Professora perde mais de 70 quilos após pôr balão no estômago: 'outra pessoa'

Madá, como é chamada pelos familiares e amigos, é professora de biologia e vive em Feira de Santana, que fica a cerca de 100 quilômetros de Salvador. Tem 32 anos de idade e desde a infância enfrenta olhares e comentários maldosos. "Quando criança, eu era a maior da turma, a mais gordinha, e ouvi muita coisa desagradável dos colegas. Sempre respondia à altura e fingia não me importar, só que aquilo doía ", conta.

Ela lembra que começou a engordar aos 10 anos, mas o problema se agravou a partir dos 18 anos, quando era estudante universitária. A rotina era desregrada, com noites mal dormidas, sem horários para atividades físicas e nem para cuidar a alimentação. "Todo dia era pizza, sanduíche, coxinha", detalha. Madá ainda acrescenta que sofria de ansiedade e costumava compensar problemas com a comida. "Eu achava que comer algo gostoso ia me ajudar a me sentir feliz e disposta para resolver algo, mas piorava".

Com o tempo, a professora desenvolveu hipertensão e quadro de pré-diabetes, e engordou até atingir o peso máximo, há três anos: 178 quilos. "Foi a pior fase da minha vida, minha autoestima estava zerada. Tive uma crise hipertensiva e achei que ia morrer. Passei a me isolar socialmente, tive medo de desenvolver depressão, algum transtorno psicológico".

Nesse período, Madá sofria para comprar roupas e mandava uma costureira fazer a maioria das peças. "Ir a uma loja era um constrangimento. Ir a lugares comuns, como restaurantes, também, pois a maioria das cadeiras são pequenas, estreitas, eu tinha medo de quebrá-las, como já havia acontecido em sala de aula, na frente com os alunos", relata.

Aliás, a convivência escolar também incentivou a mudança no estilo de vida. Além dos olhares de reprovação que notava quando andava nas ruas, nas escolas onde trabalha a professora era apontada como " a tia que tinha barrigão e era enorme". "Criança não mede palavras, e eu não via maldade da parte delas, mas ninguém gosta de ouvir esse tipo de comentário. Passei a não descer no intervalo das aulas para evitar o desconforto e também porque era muito cansativo subir e descer as escadas".

No fim do ano passado, Madá decidiu colocar o balão intragástrico para auxiliar a perda de peso e estimular a adoção dos novos hábitos, para depois se submeter à cirurgia bariátrica - que ainda não foi feita. "Sempre tive muito medo do procedimento cirúrgico, porém, entendi que precisava de uma medida radical para ter uma vida tranquila". A meta de peso estabelecida para que ela pudesse fazer a cirurgia era de 120 quilos; atualmente está com 109 quilos.

No próximo dia 16 a professora completa um ano com o balão, que deve ser retirado no dia 21 de dezembro. Para ela, os últimos meses não foram fáceis. As massas e os doces foram trocados pelas saladas, frutas, proteínas e outros alimentos saudáveis. "Hoje entendo que alguns alimentos não podem fazer parte da minha rotina alimentar. Entretanto, admito que sinto vontade de comer, principalmente doces", confessa a professora, que não come doces há quase um ano.

Além das mudanças na alimentação, Madá está voltando, aos poucos, a praticar atividades físicas. Entre os exercícios estão musculação e aeróbico leve. "Eu tentava malhar, mas não gostava de ir à academia porque me sentia em um ambiente hostil. Ficava preocupada com o que as pessoas iam pensar. Hoje não me incomodo mais".

Entre os benefícios conquistados nos últimos meses, ela menciona a qualidade do sono ("não sofro mais de apnéia e não acordo me sentindo cansada"), aumento da disposição e bom humor. "Sempre tive amigos, fui sociável, mas hoje vejo que às vezes enxergava a vida de forma negativa e acabava afastando as pessoas.

Hoje meu astral está lá em cima e quero sair perambulando pelo mundo. Eu não ia nem ao mercado perto de casa, por vergonha e pelo esforço que uma simples caminhada me demandava", compara.
Se antes comprar roupas era uma tortura, agora é alegria. "Recentemente vesti uma calça jeans em uma loja e me emocionei. Nem lembrava a última vez que tinha conseguido usar esse tipo de roupa", afirma a professora, cujo manequim atingiu o 60 xgg e agora está no 54. "Minhas roupas ainda são 'plus size', só que agora mais modernas e bonitas. Antes não conseguia comprar nada".

Há alguns dias a professora criou uma conta em uma rede social, onde compartilhaa  própria história e a rotina, a fim de inspirar pessoas que sofrem com o mesmo problema a buscar ajuda e também como incentivo para si mesma. "Ainda preciso melhorar muito, especialmente no aspecto emocional. O principal é reorganizar a cabeça, convencer a mim mesma da minha força. Não é falta de vergonha na cara, como dizem. Obesidade é doença, das mais complexas, e precisa ser tratada", comenta.

Equipe multidisciplinar

Hoje Magdalena comemora a melhoria das taxas de colesterol e açúcar, a disciplina e a autoconfiança. Além do esforço pessoal dela, o sucesso do tratamento se deve ao suporte dado por um médico, uma nutricionista e uma psicóloga.

A psicóloga Katia Danielle Almeida de Sandes, que tem acompanhado o caso, afirma que fatores como ansiedade e ritmo de vida acelerado contribuem para o ganho de peso e têm provocado aumento do número de pessoas com compulsão alimentar. "É um transtorno em que a pessoa come exageradamente, mesmo sem fome. Geralmente faz isso em busca de um conforto emocional ou mesmo justificando um merecimento, ou seja, tem uma relação com a comida de compensação", explica.

De acordo com ela, descobrindo a relação do sujeito com a o ato de comer, o psicólogo pode desenvolver estratégias, junto com o paciente, para que a comida não seja uma válvula de escape para liberar tensões. "Todas as emoções fazem parte de nós, mesmo as que são consideradas negativas. Na sociedade atual, não temos tempo de fazer uma autoanálise, perceber quais são os nossos gatilhos de estresse e como dissolvê-los. É mais rápido buscar um consolo para os problemas e muitas vezes esse consolo é a comida. Então é preciso aprender a lidar com as emoções, para que não se tornem mais um problema", orienta.

Para não comer descontando sentimentos, como fazia, Magdalena desvia a atenção para atividades que a distraem, como ler livros. "Vivo atenta para evitar angústias e não cair na tentação. O processo é sofrido, não só pela falta de alguns alimentos, mas também por olhar para dentro de si. Mas ver o resultado de tanto esforço compensa. Hoje sou outra pessoa, no aspecto físico e mental".

Katia Danielle ainda afirma que o paciente precisa estar consciente das dificuldades do processo de emagrecimento e focado no objetivo. Madá confirma: "Minha família e meus amigos me aconselhavam muito,  mas a transformação só veio a partir do momento em que eu quis".

O apoio da família e do amigos é importante, de acordo com a psicóloga. Neste aspecto, Madá teve mais dificuldades. "Minha família, naturalmente, queria meu bem, mas ninguém mudou hábitos para me acompanhar. No começo era difícil vê-los comendo certas coisas. Depois acostumei, percebi que o problema era meu, não deles, então não tinham obrigação de mudar", argumenta. Ela ressalva que a mãe a ajuda no preparo dos alimentos indicados no plano alimentar, mas não os consome.

A nutricionista Mariana Maia destaca que é preciso esclarecer que nada é extretamente proibido na rotina alimentar de um paciente com obesidade mórbida, como era o caso de Magdalena. "Quando eles têm sensação da privação, acabam aumentando a ansiedade. Então explico que, na verdade, é preciso reaprender a comer, ampliar a consciência alimentar".

Conforme ela, apesar de dieta para pacientes com super obesidade ser restritiva, sempre respeitando individualidades de cada um, eles não devem passar fome. "Isso é um mito e não funciona, a longo prazo. O processo tem de ser sustentável ou não vai atingir o objetivo, que é o de proporcionar mais qualidade de vida".

O gastroenterologista Antonio Fabio Teixeira explica que o balão é indicado para pacientes com Índice de Massa Corpórea (IMC) acima de 27, com sobrepeso e que já tenham utilizado outros métodos para perda de peso, sem sucesso. Assim, não é necessário um quadro de obesidade mórbida para colocar o balão.

No caso de Madá, a super obesidade, por si só, já representava um fator de risco à saúde, que era ampliado em um ato operatório. Por isso, foi orientada a usar um balão antes de se submeter à bariátrica. O médico detalha também que durante o período de usa do balão, o paciente se adapta a um novo estilo de vida. "Quando chega o momento da cirurgia, notamos uma melhora do grau metabólico, do estado nutricional e principalmente emocional. Ele chega mais forte, precisa de menos ambiente hospitalar para o pós-operatório".

Fábio destaca que o balão é apenas um elemento dentro de um contexto mais amplo, de adesão de hábitos saudáveis.

"A obesidade é controlável, mas não curável. Os cuidados têm de ser adotados por toda a vida", ressalta. Ele lembra ainda que o índice de pacientes que voltam a ganhar peso após a bariátrica é grande justamente pela dificuldade que muitos têm em mudar o conceito de alimentação.

"A função da comida é nos manter vivos, mas elas também nos proporcionam prazer. Se o paciente voltar a comer em demasia após o processo, o estômago dele se dilata novamente e aumenta a capacidade alimentar, daí ele engorda outra vez".

Para além dos aspectos biológicos, o gastro afirma que é preciso analisar questões sociais e culturais para combater a obesidade.

"Estamos vivendo em um ritmo cada dia mais acelerado. Trabalhamos demais, não temos tempo de praticar exercícios. As pessoas vivem trancadas em casa com medo da violência, nem as crianças brincam mais em praças e ruas. Não temos tempo de preparar nosso alimento e comemos produtos de menor valor nutricional e maior valor calórico. É necessário mudar essa realidade".

Fonte: G1