A população criminosa ligada à facção Primeiro Comando da Capital (PCC) já chega a 64% em todo o país. O crescimento dos "afiliados" para além de São Paulo é mostrada em dados do Ministério Público do estado, segundo o qual em outubro de 2014 havia 10 mil criminosos vinculados à facção fora do estado (26%), quando atualmente o número chega a 21,5 mil, ou 64%. Em relação à população carcerária, o PCC já "batizou" 607 mil pessoas, 3,5% dos presos, o equivalente ao número total de funcionários da Volkswagen no Brasil, segundo a Folha.
Uma das explicações para a expansão da facção pelo Brasil é a transferência de presos perigosos do grupo para outros estados. Em 1998, numa tentativa de desarticular o movimento que ganhava força nos presídios paulistas, o Estado transferiu os "cabeças" para o Paraná, entre eles José Márcio Felício (o Geleião) e César Augusto Roris da Silva (o Cesinha). Ambos incentivaram a criação do Primeiro Comando do Paraná, que mostrou sua face com três rebeliões.
A circulação de Marcola, o principal chefe da facção, por várias unidades prisionais pode ter influenciado também. O líder do PCC esteve no Rio Grande do Sul, no Distrito Federal, em Goiás e Minas Gerais, disseminando a cartilha da facção. Em Roraima, cuja penitenciária rural foi palco de massacre no início deste ano, a lógica foi a mesma. Depois de uma passagem por uma prisão em Rondônia, onde conheceu membros do PCC, Elivandro Ferreira (o Vandrinho), foi transferido de volta para o estado e fundou a filial local.
Hoje já são 400 membros, segundo o MP. A Secretaria de Justiça e Cidadania divulgou um documento que aponta números maiores: a facção começou com 50 homens em 2013 e em 2016 já possuía mais de mil membros. As ordens para expansão da organização no estado, segundo escutas obtidas em investigações, partiram de Ozélio de Oliveira, um criminoso conhecido por ter participado do sequestro de Wellington Camargo, irmão dos cantores Zezé di Camargo e Luciano, em 1998. Ozélio comanda o PCC em Roraima de uma prisão no Paraná.