Ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura, Benedicto Júnior afirmou em sua delação premiada à Lava Jato que se reuniu com Aécio Neves (PSDB-MG) para tratar de um esquema de fraude em licitação na obra da Cidade Administrativa com o objetivo de favorecer grandes empreiteiras.
Segundo informações do jornal Folha de S. Paulo, o delator informou que a reunião ocorreu à época em que o tucano governava Minas - ele assumiu o cargo entre 2003 e 2010. Benedicto Júnior, que é conhecido como BJ, relatou que após o acordo, Aécio orientou as construtoras a procurarem Oswaldo Borges da Costa Filho, o Oswaldinho.
De acordo com BJ, com este ficou definido o percentual de propina que seria repassado pelas empresas, variando de 2,5% a 3% sobre o total dos contratos. Em nota, Aécio repudiou o relato e defendeu o fim do sigilo sobre as delações, “para que todo conteúdo seja de conhecimento público”. Segundo Folha, Oswaldinho é um colaborador das campanhas do tucano. As empresas que participaram do esquema, de acordo com BJ, foram escolhidas pelo próprio Aécio.
A Cidade Administrativa, sede do governo de Minas, custou R$ 2,1 bilhões, em valores da época. A obra, projetada pelo arquiteto Oscar Niemeyer, foi inaugurada em 2010, último ano do mandato de Aécio. Ainda de acordo com o relato, as empresas negociariam com Oswaldinho, que foi presidente da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig), como seriam feitos os pagamentos. Segundo pessoas que tem acesso às investigações, as informações da delação premiada de BJ foram confirmadas e complementadas pelos depoimentos do ex-diretor da Odebrecht em Minas Sergio Neves.