Sem penetração e sem risco de gravidez, o sexo é seguro? De acordo com Mariano Roselló Gayá, do Instituto de Medicina Sexual de Madri, e Francisca Molero Rodríguez, do Instituto de Sexologia de Barcelona, ambas na Espanha, a resposta é não. O sexo oral sem preservativo, apesar de apresentar menores riscos, pode sim trazer graves consequências à saúde, incluindo o risco de contrair doenças sexualmente transmissíveis (DSTs). Com informações da BBC Espanha, os especialistas desvendaram os mitos sobre o assunto e revelaram os possíveis riscos que envolvem o sexo oral desprotegido:
Não é possível contrair DSTs pela boca
Esse é considerado um dos maiores mitos sobre sexo oral. É possível sim contrair DSTs pela boca. Alguns dos exemplos são o vírus do papiloma humano (HPV), a herpes genital, a sífilis e a gonorreia. “É preciso educar principalmente a população jovem sobre esse aspecto. A prevenção em forma de educação sexual deve prevalecer”, afirmou Gayá.
Há quem diga que escovar os dentes pode causar feridas, aumentando o contágio, portanto, seria melhor evitar a higiene bucal antes do sexo oral. Na verdade, não. “É importante manter uma boa saúde bucal, tanto visando o sexo oral como para a saúde em geral”, explicou Gayá. No entanto, é recomendado evitar esse tipo de sexo se houver feridas expostas, queimaduras ou sangramento na região da boca.
Não há necessidade de proteção
Segundo o especialista, essa crença é completamente errada e o uso da camisinha – tanto a masculina quanto a feminina – é necessário. Afinal, as mucosas são porta de entrada para infecções. “Se os parceiros não tiverem se submetido a um exame completo para descartar a presença de DSTs, sempre se deve tomar precauções de método de barreira, não apenas anticoncepcional.”
Se retirar o pênis antes da ejaculação, não há risco de contágio
Apesar de os riscos serem menores, o líquido pré-ejaculatório também tem potencial contagioso. “A prevenção contra DSTs deve ser através de métodos de barreira (camisinha ou diafragma) e da realização de exames médicos para descartar a eventual presença de DSTs que não tenham se manifestado”, explicou o médico.
De acordo com Francisca Rodríguez, a afirmação não é totalmente correta. Embora a causa mais frequente de câncer de boca seja o tabagismo, alguns casos já foram associados à infecção por HPV. A médica acredita que o vírus do papiloma humano pode ser transmitido pelo sexo oral.
No entanto, apesar dos riscos, Francisca não demoniza a prática. Acredita que seja essencial tanto para homens quanto para mulheres, desde que realizada com segurança. “O sexo oral é uma prática cada vez mais generalizada e que pode ser muito gratificante. Preservativos e lubrificantes com sabores podem favorecer esse tipo de prática. Há muitas variações no sexo oral: cada pessoa deve decidir a forma ou as formas que mais aprecia.”, afirmou.