Um dos trechos que teriam sofrido cortes na gravação de conversa entre Michel Temer e o empresário Joesley Batista tinha como assunto as esposas do presidente e do dono do grupo JBS. A informação foi divulgada nesta segunda-feira (22) pela coluna 'Radar On-Line', da revista Veja .
De acordo com a publicação, a decisão de retirar da gravação esse trecho do diálogo partiu do próprio Joesley Batista, que pretendia "se proteger". O empresário é casado com a jornalista Ticiana Villas Boas. O teor dos comentários tecidos por ele e pelo presidente, que é casado com Marcela Temer , é desconhecido até o momento.
O diálogo gravado por Joesley foi anexado ao inquérito autorizado pelo Supremo Tribunal Federal para investigar a conduta de Temer, bem como eventuais atos ilícitos cometidos pelo senador Aécio neves (PSDB) e pelo deputado Rocha Loures (PMDB).
Uma perícia contratada pelo jornal Folha de S.Paulo , no entanto, apontou que houve diversas edições no áudio entregue pelo empresário. Segundo o perito ouvido pela reportagem do jornal, o áudio divulgado, que tem 38 de duração, corresponde a apenas um fragmento dos 50 minutos da conversa original.
Já a rádio CBN atestou que não é possível ter havido cortes no áudio. Ao fundo da conversa entre Temer e Joesley, é possível ouvir que a programação da rádio está sintonizada em um aparelho de som. Profissionais da emissora conferiram os tempos das duas gravações e verificaram que não houve modificações.
Neste domingo, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e a defesa do presidente Michel Temer encaminharam à Polícia Federal uma série de questionamentos sobre as gravações feitas por Joesley.
Desde que o conteúdo da conversa veio à tona, Temer tem feito críticas e desqualificado as acusações. Ele negou que tenha atendido a pedidos de Joesley e disse não acreditar no que chamou de "fanfarronices" do empresário, quando este disse que buscava obstruir a Justiça. Ao pedir a continuidade das investigações, a PGR garantiu que não há "mácula que comprometa a essência do diálogo".
O ofício do Ministério Público Federal, endereçado ao delegado Josélio Azevedo de Souza, coordenador da Força Tarefa da Operação Lava Jato no STF, contém 16 perguntas a serem analisadas pela perícia técnica da PF. Entre outros pontos, elas questional o formato do áudio, eventuais interrupções e evidência de que alguns trechos foram editados.Fonte:IG