A divulgação da delação premiada dos donos da JBS acabou por afastar as aspirações políticas de Michel Temer (PMDB) para o pleito de 2018. Após ver estudos apresentados a ele pelo ministro Moreira Franco (PMDB-RJ), o presidente começou a se convencer de que havia condições de disputar. "Estarei no segundo turno", afirmou a interlocutores dias antes da gravação, segundo informações da coluna de Mônica Bergamo, na Folha de S. Paulo. De acordo com a publicação, Temer e Moreira acreditavam que a reforma da Previdência seria aprovada na Câmara, a economia aceleraria e, então, no próximo ano, a popularidade do presidente iria aumentar. Até antes da delação – onde Temer é gravado sendo conivente ao pagamento de propina para comprar o silêncio do ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) –, o governo era avaliado como bom ou ótimo por apenas 9% da população.
O anexo da delação do empresário Joesley Batista, que lista denúncias feitas pelo sócio da JBS que possuem “elementos especiais de prova”, retoma pagamentos feitos ao presidente Michel Temer entre 2010 e 2012 (clique aqui e aqui), mas também se estende a períodos mais recentes e faz menção a aliados do peemdebista, entre eles, o ex-ministro Geddel Vieira Lima. Segundo o depoimento de Joesley, a partir das eleições de 2012, o relacionamento entre ele e Temer foi aprofundado, de forma que ele percebeu que, além do ex-ministro da Agricultura, Wagner Rossi, o então vice-presidente também operava com Geddel, Moreira Franco, Eduardo Cunha, entre outros aliados. De acordo com o empresário, Temer o procurou durante o processo de impeachment da ex-presidente Dilma
Rousseff. Ele foi convocado para uma reunião no escritório jurídico de Temer situado na região dos Jardins, na capital paulista e recebeu o pedido de R$ 300 mil para pagamento de despesas de marketing político na internet, “pois o mesmo [Temer] estava sendo duramente atacado no ambiente virtual”. Joesley relatou que prometeu fazer o pagamento e que foi orientado por Temer a entregar o dinheiro a “Elcinho”, que seria um marqueteiro de sua confiança – mesmo apelido do marqueteiro do PMDB, Elsinho Mouco. Joesley contou então que chamou Elsinho a sua casa e entregou R$ 300 mil em espécie.
Após Temer assumir a Presidência, com o impeachment de Dilma, Joesley afirma ter criado um canal de interlocução com Geddel Vieira Lima, que foi escolhido por Temer para compor seu ministério na Secretaria de Governo. Segundo o empresário, o baiano era um canal de contato entre ele e Temer, pelo qual encaminhava pedidos ao presidente, “podendo lembrar, em especial, de pedido de que ele interviesse no BNDES afim de que o banco não vetasse a mudança da sede da JBS para o exterior”. Ainda de acordo com o sócio da JBS, também havia pedidos de informações, por parte de Geddel, sobre a situação do deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e sobre o doleiro Lúcio Funaro, que tem ligação com o ex-presidente da Câmara. “Em sua comunicação frequente, Geddel sempre perguntava a JB [Joesley Batista]: ‘E o passarinho? Está calmo?’”, afirma o anexo da delação.Fonte:Veja