O empresário e delator Joesley Batista publicou um artigo na edição deste domingo do jornal Folha de S.Paulo e afirmou que, o dia 17 de maio de 2017, quando a gravação com Michel Temer (PMDB) se tornou pública, foi o dia de seu "renascimento".
"Senti-me um novo ser humano, com valores, entendimento e coragem para romper com elos inimagináveis de corrupção praticada pelas maiores autoridades do nosso país", escreveu.
O dono do Grupo J&F disse que, de uma hora para outra, passou de "maior produtor de proteína animal do mundo a 'notório falastrão', 'bandido confesso' e tantas outras expressões desrespeitosas".
Joesley, que gravou conversa com Temer, dando início à atual crise política, afirmou que decidiu escrever o artigo para "acabar com mentiras e folclores" e "entregar ao tempo a missão de revelar a razão".
"Abuso de autoridade"
Joesley diz também que, desde então, "vive num turbilhão para o qual são arrastados minha família, meus amigos e funcionários". Segundo ele, políticos, que até então se beneficiavam dos recursos da JBS mentiram que ele "seria o responsável pelo vazamento do áudio para a imprensa para ganhar milhões com especulações financeiras, que eu teria editado as gravações", escreve.
"A única verdade que sei é que, desde aquele 17 de maio, estou focado na segurança de minha família e na saúde financeira das empresas, para continuar garantindo os 270 mil empregos que elas geram", disse. "Por isso, demos início a um agressivo plano de desinvestimento que tem tido considerável êxito, o que demonstra a qualidade da equipe e das empresas que administramos."
O empresário acrescenta que, de volta a São Paulo, vê na imprensa "políticos me achincalhando no mesmo discurso em que tentam barrar o que chamam de 'abuso de autoridade'". "Eles estão em modo de negação. Não os julgo. Sei o que é isso. Antes de me decidir pela colaboração premiada, eu também fazia o mesmo. Achava que estava convencendo os outros, mas na realidade enganava a mim mesmo, traía a minha história, não honrava o passado de trabalho da minha família".
Joesley reclama que "poucos mencionam a multa de R$ 10,3 bilhões que pagaremos, como resultante do nosso acordo de leniência". "Não tenho dúvida de que esse acordo pagará com sobra possíveis danos à sociedade brasileira. Hoje, depois de 67 dias e 67 noites da divulgação da delação, resolvi escrever este artigo, não para me vitimar - o que jamais fiz -, mas para acabar com mentiras e folclores e dizer que sou feito de carne e osso. E entregar ao tempo a missão de revelar a razão", conclui.Fonte:globo.com