O aborto espontâneo pode ser prevenido com um tratamento que está sendo desenvolvido que tem como base a vitamina B3, presente naturalmente em carnes e verduras. Um estudo publicado no "New England Journal of Medicine" apontou que o déficit de nicotinamida e adenina (NAD, na sigla em inglês) provoca abortos ou deficiências no bebê, caso a gravidez prospere. "Após 12 anos de investigações, nossa equipe descobriu que este déficit pode ser tratado e os abortos espontâneos e as deficiências podem ser evitados tomando uma simples vitamina", disse Sally Dunwoodie, pesquisadora no Instituto de Pesquisa Cardíaca Victor Chang, em entrevista à AFP.
De acordo com a cientista, a descoberta tem potencial para reduzir tanto o número de abortos espontâneos que ocorrem, como os defeitos de nascença relacionados ao caso. Cerca de um quarto das mulheres sofre um aborto involuntário ao longo da vida. Para realizar o estudo, pesquisadores analisaram genomas de famílias que tiveram histórico de múltiplos abortos espontâneos e descobriram que eles compartilham uma mutação genética que afeta a produção da molécula NAD. Para realizar testes, camundongos foram geneticamente modificados para apresentarem esta deficiência.
Os camundongos receberam o tratamento com cápsulas de vitamina B3. “Antes da introdução da vitamina B3 na alimentação das fêmeas grávidas, os embriões se perdiam durante um aborto natural ou os que nasciam sofriam de graves deficiências. Uma vez mudada a alimentação, os abortos involuntários e as incapacidades de nascença foram evitadas por completo”, disse o Instituto em um comunicado. Para além dessa pesquisa, os cientistas agora querem criar um teste que identifique mulheres com risco de deficiência da molécula NAD, para que a prescrição da vitamina B3 seja realizada ainda durante o período gestacional.