O baiano Antônio Imbassahy passou os últimos dias no fio da navalha. A cabeça dele na Secretaria de Governo é considerada um prêmio para o chamado “Centrão”, capitaneado pelo PMDB, partido do presidente Michel Temer. O tucano, um dos responsáveis por articular o duplo salvo-conduto da Câmara dos Deputados para que Temer permanecesse no cargo, é o braço de Aécio Neves nas relações do PSDB com o Planalto. Há algum tempo a própria bancada do partido na Câmara dá de ombros para a permanência de Imbassahy como ministro.
A prova de que a situação se tornou insustentável para que os tucanos permaneçam no governo foi o pedido de demissão do ex-ministro das Cidades, Bruno Araújo. “Cabeça preta”, numa referência à nova guarda do PSDB no Congresso Nacional, o pernambucano cedeu às pressões dos confrades da Câmara e pediu para sair do cargo. Imbassahy ficou, junto com a “ministra-escrava” Luislinda Valois e o chanceler Aloysio Nunes.
Ontem, enquanto aliados do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), e do blocão do PMDB davam como certa a nomeação de Carlos Marun para a Secretaria de Governo, o Planalto foi obrigado a desmentir a própria informação de que o baiano viraria ex-ministro, já que minutos antes o próprio perfil do órgão divulgou no Twitter que Marun seria empossado junto com o novo ministro das Cidades, Alexandre Baldy.
Imbassahy permanece no cargo, porém com uma data de validade definida – que, por enquanto, não veio a público. Dizer que ele está na corda bamba é minimizar a demissão praticamente certa. O fio da navalha é mais preciso para traduzir a insistência de Imbassahy em permanecer no governo, a contragosto dos correligionários da Câmara e com o aval de Temer e Aécio. Definitivamente, o ex-prefeito de Salvador não está em boa situação, muito menos em boa companhia. Pelo menos se sabe que é uma opção própria. As consequências dessa decisão deverão ser sentidas nas urnas em 2018.por Fernando Duarte