Depois de o ministro das Cidades, Bruno Araújo (PSDB), pedir demissão, na tarde desta segunda-feira, o presidente Michel Temer (PMDB) divulgou um comunicado em que agradece ao tucano “pelos bons serviços prestados” e anuncia que iniciará uma reforma ministerial, “que estará concluída até meados de dezembro”.
O presidente vinha sendo pressionado pelo chamado “Centrão”, que inclui partidos como PP, PSD, PR, PRB e PTB, a mexer na configuração do primeiro escalão do governo. Os líderes do grupo condicionam à reforma ministerial a aprovação de medidas econômicas propostas pelo Planalto, sobretudo a reforma da Previdência em tramitação na Câmara, principal trunfo do legado reformista que Temer pretende deixar.
O principal pleito do “Centrão” era pela saída dos ministros do PSDB, que, até a saída de Araújo, ocupavam quatro pastas. Apesar do espaço na Esplanada dos Ministérios, os tucanos não apoiaram maciçamente o presidente nas votações das denúncias da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra ele na Câmara. Na votação da segunda acusação da PGR, pelos crimes de organização criminosa e obstrução à Justiça, a maioria dos deputados do PSDB votou contra Temer.
O Ministério das Cidades, do qual Bruno Araújo se demitiu hoje, tem um orçamento de cerca de 20 bilhões de reais em 2017 e é cobiçado por políticos por seu potencial eleitoral. Entre as atribuições da pasta está a administração dos recursos do programa Minha Casa, Minha Vida.
Em sua carta de demissão entregue a Michel Temer, Araújo agradeceu a confiança do presidente e afirmou que já não há, no partido, “apoio no tamanho que permita seguir nessa tarefa”. Fora do governo, ele deve reassumir seu mandato de deputado federal por Pernambuco.
A saída de Araújo da pasta, que abriu caminho para a reforma ministerial, deu-se em meio ao recrudescimento do racha entre as fileiras governista e oposicionista do PSDB. No último sábado, o senador Aécio Neves (MG), presidente afastado da sigla e principal fiador da permanência do partido na Esplanada dos Ministérios, declarou que a legenda sairia do governo “pela porta da frente”. Outra ala do partido, que inclui nomes como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o senador Tasso Jereissati (CE), defende a ideia de que o partido deve desembarcar do governo o quanto antes.
Além do agora ex-ministro das Cidades, os outros tucanos na gestão Temer são Aloysio Nunes Ferreira (Relações Exteriores), Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo) e Luislinda Valois (Direitos Humanos).Fonte:Veja