O Brasil é o segundo país no mundo no qual a população tem uma percepção mais equivocada sobre a realidade, segundo a pesquisa “Os perigos da percepção”, realizada pelo instituto Ipsos Mori, que foi divulgada nesta quarta-feira (6). Segundo informações do jornal Folha de S. Paulo, o levantamento foi realizado em 38 nações para avaliar o conhecimento geral e a interpretação que as pessoas fazem do país onde vivem. No ranking, o Brasil perde apenas para a África do Sul. Também lideram o “Índice de Percepção Equivocada” (no ano passada, foi batizado Índice da Ignorância), Filipinas, Peru e Índia.
De acordo com a pesquisa, os países que têm uma percepção mais próxima da realidade são Suécia, Noruega, Dinamarca, Espanha e Montenegro. O levantamento considera uma média calculada a partir da diferença entre as respostas fornecidas pelos participantes do estudo (consideradas “percepções”) e os dados oficiais de cada país (“realidade”). "Em todos os 38 países analisados, cada população erra muito em sua percepção. Temos percepção mais equivocada em relação ao que é amplamente discutido pela mídia, como mortes por terrorismo, taxas de homicídios, imigração e gravidez de adolescentes", afirmou o diretor de pesquisas do Ipsos Mori, Bobby Duffy.
Entre as discrepâncias, está a percepção sobre o número de homicídios: 76% dos brasileiros entrevistados acham que a taxa de homicídios é mais alta hoje do que no ano 2000, mas o Ipsos indica que a taxa atual seja a mesma daquele ano. No mundo, apenas 7% das pessoas acham que a taxa de homicídios em seus países é menor do que a registrada no ano 2000, apesar de a maioria dos países ter reduzido a quantidade de mortes desse tipo e o total de assassinatos ter caído 29% nos locais pesquisados.
O Brasil é o país com a percepção mais errada sobre gravidez de adolescentes. Em média, os entrevistados acreditam que 48% das meninas entre 15 e 19 anos já gestaram, mas o percentual verdadeiro é de 6,7%. Em compensação, o Brasil é um dos países onde menos se acredita que vacinas causem autismo – somente 10% dos entrevistados acreditam na correlação. Mais de 29 mil pessoas foram ouvidas entre setembro e outubro para a realização da pesquisa.